sábado, janeiro 23, 2010

Visita a Santa Vitória

Desde há uns anos a esta parte que se fazem vinhos onde antigamente se colhia trigo. No Baixo Alentejo, a Sul de Beja, fica a Herdade da Malhada, junto à povoação de Santa Vitória, berço de vinhos com o nome tirado da terra que a acolhe: Casa Santa Vitória.
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Hoje, umas horas antes desta crónica vir ao de cima, estive por aqueles lados, a convite das gentes da casa. Foi tempo de provar (beber) quase toda a gama de referências vínicas (faltaram os rosés e o licoroso, acho que só foram esses os excluídos) e o azeite.
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No total são 1.600 hectares, resultantes da união de três herdades, de solos de barro e de xisto. Mas como disse Bernardo Cabral, enólogo da casa, são barros mas não os muito férteis de Beja, favoráveis ao trigo.
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A área de olival é a mais vasta, com 150 hectares, onde se destacam as variedades cobrançosa e cordovil. O óleo faz-se ainda com picual e galega. É um azeite cheio de garra, verdáceo e aromático, diferente de muitos que se fazem no Alentejo, baseados na galega. Por a galega estar em menor quantidade, o azeite de Santa Vitória não é adocicado. Para uns é uma vantagem, para outros, mais tradicionalistas, será uma bizarria. Eu gostei muito!
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Com 127 hectares faz-se a vinha. As castas vão variando de área, fazendo-se acertos, até porque a casa tem poucos anos e tem, obrigatoriamente, de ir experimentando soluções. Por outro lado, diz Bernardo Cabral, pretende-se dinamismo, nada de estagnação. A terra por ali não vai parar.
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Para além das culturas imóveis há a produção de gado bravo, de gamos e de cavalos puro-sangue lusitano. Para ancorar o negócio, um hotel rural com 80 quartos e perspectiva de uma segunda unidade com metade dessa dimensão.
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Nisto tudo encontrei uma casa que faz vinhos muito bem feitos, ainda que não bem coincidentes com a minha boca. Mas esse é um problema meu. São a boca e o nariz que tenho. Nos brancos isso foi mais evidente. Desgostoso? Nem pensar! Penso que o gosto pessoal entra sempre na avaliação, mas um produtor não pode também ser penalizado por isso. Ser diferente do meu perfil não é mau, a minha boca e o meu nariz não são o centro do mundo. Bebi e gostei, todavia.
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Serve este texto de preâmbulo às referências vínicas, pois seria fastidioso e repetitivo fazê-lo nos textos críticos, ou o trabalho seria incompleto, caso nada dissesse. Posto isto, seguem as notas. Os textos vão, por ordem (de cima para baixo), do menos interessante até ao melhor.

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