sábado, agosto 12, 2023

Descritores

 

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Descrever um vinho pode ser interessante, mas é, muitas vezes, irrelevante ou até enfadonho.
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Há quem não identifique algumas características, muitas ou quase todas. Será por desatenção, falta de memória ou porque nunca conheceu o que se pode encontrar. Não é pecado e nem sequer importante, porque só vale o prazer.
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Há quem seja sobredotado e culto e encontre muita coisa no vinho. Há quem seja mentiroso e descubra tudo. Há quem seja pantomineiro habilidoso e ache quase tudo.
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Quantas pessoas – fora do mundo do vinho mas que o apreciam – vão comprar «frutos vermelhos», «notas balsâmicas» ou «relva cortada»? Isso importa? Ora, ora... bons e maus vinhos, com os outros pelo meio, partilham descritores.
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Contudo, apreciar sem dar atenção ao que nos dá é pobre, forma pobrezinha de beber um vinho. Adiante, adiante. Quem me lê – leu, porque muito raramente escrevo – sabe que marimbo-me bastante para listas e enxoto o parlapiê engomadinho, como se vestindo fraque na praia.

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Nas muitas coisas que bebi, com qualidade variável, encontrei três descritores que teimam na memória: um Vinho do Porto com aroma a cannabis; um tinto e um branco com aroma a coentros; e este, que ilustra o texto, que me levou à infância... Sugus de ananás.

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 Não era mau, mas sem grande interesse

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