quinta-feira, março 04, 2021

Colecção Privada DSF – quatro vinhos para 40 vindimas

A minha relação com o blogue parece-se com a dalguns casais separados. Afastam-se, porque querem dar um tempo, mas ligam-se passado uma semana. Um mês depois tomam um café. Mais tarde três semanas vão ao cinema. Dois dias depois vão ao «cinema». Arrependidos, dizem que é melhor dar um tempo.

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Prometi-me não escrever. Anunciei ao mundo que terminara. Disse-o a quem não me tinha ouvido. Quase gritei a quem me continuou a incentivar a escrever. Porém… depois há os amigos… Há maneira de se recusar a um amigo? Por isso, surge este texto.

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O que fez, desta vez, Domingos Soares Franco? Três monovarietais tranquilos e um Setúbal especial de corrida, que outrora tinha sido apresentado – trata-se dum relançamento. Assinados, como habitualmente, Colecção Privada DSF.

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Domingos Soares Franco tem conhecimento técnico, cultura e curiosidade. Somando a imaginação, surge com ideia e conceito. A isso acrescenta-se a intervenção duma equipa técnica de grande competência e abertura de espírito.

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Agora acresce um dado: 40 vindimas dum dos maiores mestres da enologia. Domingos Soares Franco é verdadeiramente um artista e que tem em Paulo Hortas alguém que o pode chamar à Terra, dizer-lhe que pode ir mais além e que assina uma destas quatro obras de arte. Amigos e que trabalham juntos há 35 anos.

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Colecção Privada DSF Riesling 2019, Colecção Privada DSF, classificado apenas como «Vinho de Mesa», resulta de uvas plantadas em Trás-os-Montes, numa propriedade de Paulo Hortas. O solo granítico situa-se a 630 metros de altitude.

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Diz Domingos Soares Franco:

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– Perguntou-me, em Maio de 2019, se eu estaria interessado em ficar com as suas uvas. A minha resposta foi imediata; «venham lá essas famosas uvas riesling». O Paulo fermentou-as, com elevado cuidado e carinho, a seu belo prazer.

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Se Paulo Hortas e Domingos Soares Franco dizem que a longevidade vai aos 15 anos após o engarrafamento – acontecido em Maio do ano passado – é porque é verdade. Eu, que sou atrevido, duvido, justificando com a conhecida vida dos vinhos desta casta.

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Cá em casa, os riesling são muito apreciados… veremos até quando resistiremos à tentação de abrir uma das que temos guardadas…

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O Colecção Privada Cabernet Sauvignon 2017 é um Regional Península de Setúbal. Envelhecido sem madeira, tem longevidade prevista a 15 anos após o engarrafamento – Fevereiro de 2019. As uvas nasceram em solo argilo-calcário. Não é o primeiro vinho, desta variedade na região, com grande qualidade. Aqui fugiu do pimento e do pimentão, muito característicos dos nascidos em Portugal.

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O Colecção Privada Malbec 2017 é também um Regional Península de Setúbal. As uvas vieram igualmente de solo argilo-calcário. O envelhecimento foi sem madeira e a longevidade prevista é de 15 anos após o engarrafamento – Abril de 2019.

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Por fim, um vinho relançado. O Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal Superior 2001 Cognac – não sei se a formulação é exactamente como escrevi, mas tem os elementos referidos no rótulo. Este é um daqueles vinhos que, com justiça, se podem classificar como luxo, dado os seus requintes e singularidade.

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A razão da designação Cognac deve-se à aguardente, utilizada para parar a fermentação, provir dessa região demarcada francesa. O envelhecimento fez-se em barricas usadas. Vinhos com estas características vivem muitos anos, pelo que não tem data de falecimento.

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Colecção Privada DSF Riesling 2019

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Origem: Vinho de Mesa (Trás-os-Montes)

Produtor: José Maria da Fonseca

Nota: 8/10

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Colecção Privada DSF Cabernet Sauvignon 2017

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Origem: Regional Península de Setúbal

Produtor: José Maria da Fonseca

Nota: 8/10

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Colecção Privada DSF Malbec 2017

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Origem: Regional Península de Setúbal

Produtor: José Maria da Fonseca

Nota: 8/10

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Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal Superior 2001

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Origem: Setúbal Superior

Produtor: José Maria da Fonseca

Nota: 9/10

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