Rua Marechal Saldanha, 25 (Bica)
Telefone: 213464791
Cozinha tradicional portuguesa, com especialidades minhotas, transmontanas, alentejanas e algarvias.
Conheci este restaurante quando era um tasco a puxar para o gorduroso, pelo que criei um preconceito e, logicamente, recusei-me a frequenta-lo. O tempo passou e mudou a gerência ou se não mudou mudaram, pelo menos, os hábitos da casa. Voltei lá há relativamente pouco tempo e fui contrariado, não convencido, mas vencido pelo cansaço da argumentação e pelo crédito do insistente interlocutor. Acabei por ter de dar a mão à palmatória.
A Camponesa de hoje não tem, felizmente, nada a ver com o que foi outrora. Desde logo a aparência da casa, que agora está mais «fashion» com cores vivas, com o «positivo» cor-de-laranja ou não estivesse situado no agora alternativo bairro da Bica, mesmo junto ao Bairro Alto. A nova roupagem visual alargou os horizontes da pequena sala, que antigamente parecia mais acanhada. Os atendedores são simpáticos, atentos, rápidos e educados, embora nem sempre informados acerca dos pratos.
Quanto ao que mais importa: a paparoca... A comida tem o tom das antigas casas de pasto, algo entre o caseiro e o restaurante, entre o familiar e o profissional, o que dá um encanto muito próprio e muito português. Nem sempre este atributo é positivo, mas aqui resulta muito bem. Não se esperem grandes voos, mas o que vem da cozinha vem bem feito e apaladado. Dá gozo, sobretudo, perceber o empenho com que esta gente faz o seu trabalho. Nota-se que quem dirige a casa e quem cozinha desempenha as suas funções com gosto, que se esforça no desenho das ementas e na escolha dos produtos que leva à mesa. A lista em si não tem nada que transcenda a imaginação e faça crescer a água na boca, está tudo na tradição portuguesa. Já provei vários pratos e saí sem desilusão, com excepção duma em que pedi costeletinhas de borrego grelhadas e cujo sabor trazia um pouco de bedum. De resto, boas postas de bacalhau, bom polvo, etc, etc, etc.
O esmero, o empenho e o brio nota-se também num pormenor... aliás, num pormaior: a temperatura do vinho. A Camponesa investiu numa garrafeira climatizada para que os vinhos estejam à temperatura ideal de se beberem. À custa de muitos tasqueiros deste país, talvez a maioria, não perceberem nada do seu trabalho, os portugueses habituaram-se a tolerar vinho quente no Verão e frio no Inverno. Este facto já tem causado peripécias aos responsáveis de A Camponesa. Ainda bem, é bom sinal, pois só mostra estão no certos e que fizeram bem adquirir a garrafeira climatizada.
O vinho da carta é acertado para os pratos da ementa. Vinhos bons, honestos, simples e sem grandes pretensões e, felizmente, sem preços estapafúrdios. Embora pudessem estar menos caros, no panorama português não deixa de ser positivo o patamar a que são comercializados.
Não se pense, por tudo isto, que os preços são exorbitantes, porque não são. Não se julgue que é o melhor restaurante do mundo ou mesmo de Lisboa, que não o é. No entanto, é uma casa boa de se frequentar e, absolutamente, o melhor da sua faixa de preço e da sua gama.
1 comentário:
bom tasco
Enviar um comentário