quarta-feira, abril 23, 2008

Casa Ermelinda Freitas Syrah 2005

Consta que foi a Câmara Municipal de Palmela que deu o alarme de que era português e palmelense o melhor vinho do mundo. Como se fosse possível haver um vinho melhor que todos os outros. Como se não houvesse momentos, gostos e inspirações.
Depois cairam em cima do comunicado muitos jornalistas crentes e/ou preguiçosos. Um comunicado garantia que aquele era o melhor vinho do mundo, logo era verdade. os princípios que devem reger o jornalismo eclipsaram-se pelo patriotismo, ignorância e sensacionalismo.
Não bastas vezes entram-me pelo blogue à procura do melhor vinho do mundo. A curiosidade é legítima, mas não tem uma só resposta. Desta vez telefonavam-me e interpelavam-me acerca deste vinho. Sempre as mesma explicações. Argumentavam-me sempre que a prova fora cega, como se isso fosse sinónimo de garantia absoluta, esquecendo-se de referir a concorrência e a humanidade dos jurados.
Ora, o vinho só ganhou na Vinalies Internationales 2008, que nem é o «melhor» concurso do mundo (não resisti à piada). Foi em Paris, não em Londres ou Bruxelas. E ainda que fosse, seria o mesmo. Uma medalha num concurso não significa o melhor do mundo. Tudo é muito relativo.
Mas quanto ao vinho? Não deixa de ser guloso e encantador. No nariz não é exuberante, é até austero. Mas está longe de ser o melhor vinho do mundo. É belo, mas não vale o preço em que o colocaram por causa dum comunicado sensacionalista.


Origem: Regional Terras do Sado
Produtor: Casa Ermelinda Freitas
Nota: 6,5/10

3 comentários:

Pingas no Copo disse...

O mais estranho para mim, é ter ouvido dizer que na adega (quando houve, não sei se há) ele foi vendido a 20€, quando sabemos que a colheita 2004 foi vendida a preços bem mais interessantes. A rondar os 8€.
É que ouço dizer que a produtora não teve culpa nenhuma com a especulação do vinho...Será assim mesmo?

João Barbosa disse...

Tanto quanto ouvi dizer - e faço fé nessas palavras porque são de quem sabe do negócio - mesmo este estava entre os 8 e os 10 e até à famosa medalha. Ou seja, o preço era bem simpático, embora ache que há vinhos mais caros menos interessantes do que este. Os 20 euros pós-prémio é também o valor que me indicaram estaria a ser vendido na adega, e que comerciantes que já o tinham estavam a vender a 25€. Eu paguei 30€ num restaurante, cujos empregados fartaram-se de dizer que era o melhor vinho do mundo (a cada um tive de contradizer) e se mostravam excitados com o facto de o terem nas mãos e de o irem vender.

abraço

Luis Prata disse...

Bom texto. 30€ num restaurante não é mau se está a ser vendido a cerca de 20€, mas não deixa de ser caro para o vinho que aparenta ser.

Abraços