quarta-feira, agosto 08, 2007

O chá da tarde

São 16h00 e está na hora de tomar chá. Ao contrário da indicação do senso comum, é às 16h00 que se deve tomar o chá. Serve-se primeiro ao próprio e depois as restantes pessoas em ordem ascendente de importância ou cerimónia. (No protocolo oriental não sei se vigoram as mesmas regras de etiqueta).
A descoberta do chá, enquanto bebida, ocorreu por volta de 2730 A.C., reinava na China o Imperador Xen Nung. Em 729 D.C. é referenciado, pela primeira vez, no Japão, no reinado do Imperador Xomu. A primeira menção ao chá feita por europeus aconteceu em 1560 e pela mão dos portugueses.
O primeiro carregamento de chá terá chegado à Europa no começo do século XVII. A entrada na Inglaterra aconteceu por meados desse século e pela mão de Dona Catarina de Bragança, como presente de casamento (e mais terras na Índia) ao seu noivo, que reinou como Carlos II. Desde então, o chá foi aumentado a sua importância e reputação na Grã-Bretanha até se tornar na bebida preferida.
Porém, a história do chá na Europa não se resume a Portugal e Grã-Bretanha. Em 1680, em França, terá sido adicionado, pela primeira vez, o leite. Já o cerimonial é um contributo inglês, tendo as regras sido fixadas pela Duquesa de Bedford em 1820.
A fama e a procura de chá levou a uma corrida dos comerciantes pelo seu abastecimento. Foi o tempo dos clippers, navios velozes que disputavam o fornecimento de chá do ano à Grã-Bretanha.
O Ceilão, actual Sri Lanka, é hoje uma referência produtora desta bebida. O mesmo acontece com a região indiana de Darjeeling, situada no Estado de Bengala Ocidental, no sopé dos Himalaias, e com a de Assam, no extremo oriental daquele país. Contudo, estas terras só conheceram o plantio na década de 30 do século XIX. O Quénia, outra região famosa, tornou-se produtora em 1903.
Tal como acontece com outros bens alimentares, a proveniência é importante. As regiões acima referidas são das mais valorizadas. Porém, tal como nos outros casos, há quem viva da ilusão e do engano. Só para se ter uma ideia, a região de Darjeeling produz anualmente entre 8.000 e 11.000 toneladas de chá, mas estima-se que no mercado mundial sejam transaccionadas 40.000 de chá como tendo dessa proveniência.
O chá vem, sobretudo, da Ásia, onde vigoram os climas tropical e subtropical, moldados pelas monções, propícios à Camelia sinensis. Além do mais, aquele continente tem outra vantagem: abundância de terrenos aráveis em altitude. Porém há também produção na Europa, mas limita-se à região portuguesa dos Açores.
Em chinês existe um caracter para chá. No entanto, não há um só falar, pelo que a palavra tem diversas pronuncias. O certo é que existe uma junção de som «te» e «ch», o que resultou em diferentes usos no Ocidente. Assim, há línguas que adoptaram o primeiro som (inglês, francês, etc) e outras o segundo (português, russo, etc).
O chá não é todo igual, sendo o verde e o preto os mais conhecidos. Mas a estes há que juntar o vermelho, o amarelo, o branco e o oolong. Para todos os chás existem diferentes variedades de Camelia sinensis. Os processos de produção variam de tipo para tipo. O processo de produção do chá amarelo assemelha-se ao verde, mas regista uma secagem das folhas mais lenta. O chá verde é assim designado devido à ligeira oxidação das folhas. O chá preto é o que apresenta maior oxidação. O oolong conta com uma oxidação intermédia entre o verde e o preto. O vermelho apresenta uma oxidação próxima do preto e obtém-se a partir de folhas fermentadas. O chá branco obtém-se a partir de folhas jovens e sem a oxidação das mesmas.
Quanto a preferências, cada um tem a sua. Por regra prefiro o verde e, depois, o preto... uma certa falta de excentricidade.

Nota: Pintura de Jean-Baptiste Chardin.

1 comentário:

Anónimo disse...

ola, gostaria de saber as regras de cerimonial e protocolo que regem o chá inglês. POis irei montar um típico para os meus colegas de classe. Se puder ajudar, agradeço.

Caso puder mandar no meu email, agradeço: di.muller@uol.com.br

Obrigada.Diana