segunda-feira, dezembro 18, 2017

Quinta dos Abibes Espumante Rosé 2015 + Quinta dos Abibes Espumante Arinto e Baga Reserva 2013 + Quinta dos Abibes Espumante Sublime 2010 + Conclave 3

A Bairrada está a entrar na moda. E há modas felizes. Neste caso, a frescura dos seus vinhos é notável. Têm uma capacidade de envelhecimento que não está ao alcance de todos. Além dos tranquilos, há décadas que se produzem espumantes de grande qualidade.
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Outrora a casta baga dominou os encepamentos. Hoje, é variada a paleta de cultivares. Não tenho nada contra as uvas exóticas, porém custa-me vê-las permitidas para a elaboração de vinhos com denominação de origem controlada.
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É apenas uma comichão ao nível dos princípios. Os encepamentos com castas portuguesas não dão só vinhos de excelência. Tal como os produzidos com variedades estrangeiras há com variadas qualidades.
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Francisco Batel Marques é daquelas pessoas que transmitem simpatia e sorriso. Junta-se um amor visível pela terra. Evito estrangeirismos, mas a melhor palavra para designar os produtores duma só quinta é francês: vigneron. A ele se junta Osvaldo Amado, um dos melhores enólogos portugueses.
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Este professor apaixonou-se pela bebida sagrada das três religiões do Livro e transmite esse afecto pela terra e as plantas. O território, situado nas proximidades da Serra do Buçaco, esteve abandonado durante 12 anos e, foi por ele, comprado em 2003.
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Tudo tem um nome. Francisco Batel Marques baptizou a terra como Quinta dos Abibes, homenageando um pássaro pelo qual tem simpatia. O abibe, Vanellus vanellus, tem uma enorme lista de designações… Bem, este texto não é dedicado à ornitologia!
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Bebi e apreciei-os.
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Bruno Antunes, escanção e empresário no ramo da distribuição (Wine Man), organizou um jantar dedicado à Quinta dos Abibes, que foi confeccionado pelo chefe Joachim Koerper, do restaurante Eleven, em Lisboa. Como não escrevo acerca de maridagens, fico-me por dizer parelhas perfeitas e aplaudo.
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Obviamente, os quatro vinhos não são iguais. Descreve-los é maçador e não conduz a nada – por regra, não definem grande coisa. Resumo: delicados no aroma, finos no tacto e com perlagem elegante, perdurando na boca. Basta. Afirmo que todos pedem comida, embora possam abrir o apetite.
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À recepção foi servido o Quinta dos Abibes Espumante Rosé 2015, feito integralmente com uvas baga. Seguidamente vieram Quinta dos Abibes Espumante Arinto e Baga Reserva 2013 – a meias arinto e baga – e Quinta dos Abibes Espumante Sublime 2010 – brut nature de 2010, com o degorgement realizado em 2015, feito integralmente com uvas arinto.
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Saltei o tinto! Escrevo agora. Como definir o diferente? Trata-se da junção de três colheitas de cabernet sauvignon, casta que Francisco Batel Marques aprecia bastante (eu também, mas fora das DOC).
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É um vinho perigoso! A sua acidez nega os seus 14% de álcool. Ou seja: o problema está quando te levantas. Juntaram-se os resultados das colheitas de 2011 e de 2013, que estagiaram 18 meses em barricas de carvalho francês, de segundo uso, e a de 2015, que viveu nove meses em barricas novas de carvalho francês. A conjugação das três ficou em garrafa por um ano.
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Conclave significa reunião – em diversas acepções – e o «3» percebe-se facilmente o que quer dizer.
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O que é diferente e bom tem de se valorizar. Viva a imaginação. O vinho, quando é de qualidade superior e com um conceito estético, é arte. Não gosto da definição da «nota artística», que tem aparecido nas escritas, pois lembra-me a enfadonha patinagem no gelo (artística). Prefiro dizer arte – só e chega.
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Quinta dos Abibes Espumante Rosé 2015
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Origem: Beira Atlântico
Produtor: Quinta dos Abibes
Nota: 6/10
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Quinta dos Abibes Espumante Arinto e Baga Reserva 2013
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Origem: Bairrada
Produtor: Quinta dos Abibes
Nota: 6,5/10
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Quinta dos Abibes Espumante Sublime 2010
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Origem: Bairrada
Produtor: Quinta dos Abibes
Nota: 7,5/10
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Conclave 3
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Origem: Beira Atlântico
Produtor: Quinta dos Abibes
Nota: 8,5/10

1 comentário:

Anónimo disse...

Perfeito, grandes vinhos
Obrigado