quarta-feira, abril 30, 2014

Adega de Borba Senses Syrah 2012

Sou uma pessoa de má índole. Vejo mal em tudo, faço rápidos juízos de valor! Protesto e resmungo sempre. Para mim nunca está bem... chateiam-me as estrangeiras nas «velhas» denominações alentejanas, no caso Borba, porém sendo este um regional sou menos embirrento... tenho de conceder, a casta syrah resulta muito bem no Alentejo.
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Raisparta a natureza. Óscar Gato, homem do Alentejo, consegue o que nem sempre todos conseguem: extrair Alentejo de castas estrangeiras. Ou sou eu que me vou habituando aos vinhos do mestre da Adega de Borba ou estou a dizer mesmo uma coisa acertada.
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É um vinho que mostra complexidade na prova olfactiva, em que aromas diferenciados vão jogando à vez, passando a bola uns aos outros (não é o aborrecidíssimo tiki taka do Guardiola), rolando sobre um «relvado» de xisto e argila. Pois, a mineralidade está lá, nem sempre óbvia, depende do dançarino (casta) que estiver no momento no salão.
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Notei as notas de folha de madeira de charuto (cedro – devia ser sempre) e os frutos do bosque, nomeadamente groselhas. O chocolate negro também se assoma à janela. O produtor acrescenta-lhe notas de barrica (faço assim-assim com a cabeça) e florais (esta é que me escapou de todo).
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A boca é menos complexa, mas não inferior em qualidade. É suave, mas tem raça. Na minha boca nasceram quadradinhos de chocolate preto e alguma ginja. Bom final.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega de Borba
Nota: 7/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

terça-feira, abril 29, 2014

Dois alentejanos para o Verão: Adega de Borba Branco 2013 e Adega de Borba Rosé 2013

Ora viva, como estão? Estes dois vinhos chegaram-me para prova acompanhados por um syrah. Tratando-se de vinhos de «divisões» diferentes, tratei de separar os dois veraneantes do mais forte. Não que não se possam beber tintos no Verão, mas porque não me pareceu fazer sentido colocar tudo na mesma posta.
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Na crónica de ontem referi «verdadeiro» e autenticidade é coisa que não falta ao Adega de Borba Branco 2013. Este é daqueles vinhos em que tenho de travar o impulso. A sua qualidade não pode ser penalizada severamente por causa do meu gosto pessoal (critério obrigatório e quase único da notação).
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Notei-lhe autenticidade. É um vinho que me sabe a Alentejo. Não sei até que ponto a casta arinto é alentejana (não sei se é uma das modernices). Bem, mas a roupeiro e antão vaz cantam no falar(i).
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É um vinho equilibrado, balançando, olfactivamente, entre algum calor e boa frescura. O calor vem-lhe da antão vaz (quase que aposto o ordenado – cruzes, credo, canhoto, vade retro Satanás, maldita coisa da natureza). A roupeiro põe-lhe ainda mais Alentejo e a arinto (recém chegada ou autóctone) dá leveza e frescura. Dispensava as notas tropicais, preferia que se ficasse pelo «solo» e as notas de tangerina e alguma casca de limão.
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Na boca pia mais fino (ou fia mais fino?). Fresco! Fresquinho! Alegria. Já alguma vez escrevi aqui no blogue que os citrinos, sobretudo a laranja, formam o conjunto das minha frutas favoritas? Pois toma lá tangerina e limão! E dura, dura... bom tempo final.
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Quanto ao rosado... mais uma vez Óscar Gato acerta-me no goto. Mais um ano de vinho divertido... e os rosés gostam muito de diversão. Embora também vá bem para a mesa (marisco e frango grelhado... hummmm, acho que hoje ainda vou à churrascaria) é prá festa  – e comer também é festa – mas a que me refiro é música, dança, sedução, praia, pôr-do-sol, piscina, noitada no jardim e na piscina (infelizmente estes dois itens são raros para os portugueses)... e camisas coloridas e calções compridos e...
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O rosado resulta da junção de aragonês e syrah... espera lá!... uma autóctone e outra estrangeira... Praia e sedução entre um português e uma estrangeira (ou vice-versa)... que saudades da adolescência... Tavira, sobretudo...
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Adega de Borba Branco 2013
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 5,5/10
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Adega de Borba Rosé 2013
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: 6/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

segunda-feira, abril 28, 2014

Tons de Duorum Branco 2013

Já notei que o meu coração pende para o Douro, tanto em tinto quanto em brancos, embora os amarelos da Beira Interior me contentem também muito. Hoje a crónica calha a um branco do Douro.
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A empresa (Duorum Vinhos) pode ser recente, mas já se tornou numa referência. A justificação é simples: os «pais» da criança andam a «virar frangos» há muito tempo. E não é apenas uma questão de experiência. Tanto o empresário e enólogo João Portugal Ramos como José Maria Soares Franco são do melhor que existe nestes 92.090 quilómetros quadrados de terra, povoada (antes da debandada dos imigrantes e dos novos emigrantes) por um pouco mais de 10,5 milhões de habitantes.
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Se não me engano, os Tons de Duorum são a entrada de gama da Duorum Vinhos. E não enganando-me são do melhor do seu patamar (não de preço) aspiracional (?).
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Bem, mas o parágrafo anterior é mero fédivéres (esquisita a forma como invento palavras, esta até com a proibição de dois acentos). O que importa é a verdade que existe neste vinho. Pode ser entrada de gama, pode ser acessível à maioria das algibeiras, pode ser enofilizado por gente graúda... podia até ser mais coisas e não ser verdadeiro.
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Verdadeiro aqui quer dizer ter a sua região no ADN (ácido desoxirribonucleico – adoro estas coisinhas... pequeninas, como decifrar siglas que toda a gente sabe... a minha favorita é ácido acetilsalicílico... quem não sabe que procure... comece por tentar Aspirina).
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Embora com uma cedência ao mercado – ah pois! É preciso vender – com um certo tropicalismo. Dispensava, compreendo, mas para mim é penalizador (para quem não sabe, as crónicas são assumidamente subjectivas, reflectindo o meu gosto, afectos, ambientes, não se baseiam normalmente em sítios severos, em que a neutralidade é quase absoluta).
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É um Douro de ADN e ainda assim tem algumas raridades legítimas, em termos de olfacto. Apreciei-lhe bem a mineralidade, aquela que só o Douro tem (a da Beira Interior para os brancos talvez lhe fique à frente). É um vinho fresco, pela acidez, e pelas sensações que induz, nomeadamente a limão e uma certa tangerina. Se este último citrino sugere, o toque floral confirma: há moscatel no lote. Bem, o sambinha ou outro tropicalismo...
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Frescura não lhe falta e, reconhecendo a tendência do gosto, os trópicos estão equilibrados. Dão doçura e enjoam-me um bocadinho. Contudo, o Tons de Duorum Branco é vinho que me dá bom contentamento. Marimbando-me para a relação de preço e qualidade (o que vou dizer não implica preço – embora talvez devesse) é a complexidade em harmonia.
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Quanto a castas: moscatel galego (5% – BINGO!), viosinho (30% – smiley), rabigato (25% – smeyle), verdelho (20%) e arinto (20%). Não sabia que o arinto era permitido no Douro...  Solo de xisto (smiley – é Douro), sendo a fruta proveniente de vinhas cultivadas entre os 400 e os 600 metros de altitude.
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O produtor sugere e eu assino por baixo: aperitivo, refeições leves de Primavera e Verão, saladas mediterrânicas e peixe – acho que foi quase ipsis verbis (hoje estou numa de brincar à artista).
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Embora cansado de dizer, repito. A minha escala de notação do prazer (com acerto para cima, quando a qualidade é grande e o meu gosto pessoal castigador) é decimal, mas em que o 3 já é positivo... isto porquê? Qual a vantagem de usar diferentes patamares de «evitável» (2) ou de «imbebível» (1)?
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Vamos a contas: prazer = a 5,5. Desconto do tropical de 0,5 pontos. Adição por João Portugal Ramos ser do Belenenses de 1 ponto.
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Origem: Douro
Produtor: Duorum Vinhos (João Portugal Ramos Vinhos)
Nota: 6/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

domingo, abril 27, 2014

Uma homenagem à Quinta do Monte d'Oiro e a José Bento dos Santos

Potpourri é uma palavra que me faz sempre sorrir. Não sei porquê. Aqui neste texto tem um significado além do significado o acrescento da simpatia com que fui sempre tratado por José Bento dos Santos e (recentemente) Francisco Bento dos Santos, seu filho e parceiro.
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Conversei presencialmente com José Bento dos Santos não mais do que três vezes, guardando uma imagem de vivacidade e paixão por aquilo que faz. Vendo-o na televisão percebi a mesma simpatia, que diria de franqueza, e alegria. Contei a Francisco alguns defeitos nos programas, mas José Bento dos Santos será sempre um Matateu (sou Belenenses) num programa de gastronomia (no seu sentido verdadeiro, incluindo o vinho).
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Há diferença entre conhecimento e cultura. A afirmação dá para horas de debate, peiperes (papers) universitários, pós-graduações. Não entrarei fundo, resumo: tem conhecimento, experiência e, sobretudo, mundo. O «mundo» ajuda muito.
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Aparte. Contaram-me uma vez que um famoso financeiro (não me recordo do nome) fazia as entrevistas finais aos candidatos a um emprego qualificado. Uma equipa já teria questionado, passado por testes de vária ordem e ficando «licenciados» teriam de ir à oral com o banqueiro.
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Certamente nervosos, do que iriam falar? Do óbvio, cifrões, parcelas, margens, taxas de juro, spreads... ou... música, desporto, gastronomia, ciência, banda desenhada ou outra arte... e era aqui que entrava a decisão. Gente que sabe fazer contas e tem olho para o negócio até abunda, mas quem tem «mundo» tem a vantagem de saber usar microscópios e telescópios, transmitindo esse conhecimento transformado em cultura. Quem tinha «mundo» era quem ficava com o lugar, ainda que tivesse conversado acerca dos lacraus do Saara e o banqueiro disse não soubesse. O financeiro lia os olhos, a expressão da boca, a dança do corpo, a vivacidade, as vistas largas.
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É essa a ideia que transporta José Bento dos Santos. Constou-me, acredito, que faz harmonizações gastronómicas com música. Óbvio? Talvez não – Há mais quem tivesse feito, mas por marquetingue e não por efervescência do produtor.
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Não sei se cultura implica alegria ou só contentamento ou se pode ser macambuzice ou só isso. Para mim, cultura implica paixão e paixão é dor, é explorar o «ser» amado até à alma. É isso que vejo em José Bento dos Santos.
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A primeira vez que convivi com José Bento dos Santos foi numa reportagem que fiz para o programa (agricultura e pescas) «Da terra ao mar», transmitido de 2004 a 2009, na RTP 2. Penso ter uma cultura acima da média e uma inteligência abaixo do meio, mas consigo saber calar-me quando não sei, quando o oponente sabe mais, ou quando o parceiro me fala sobre o «mundo» e me arrebanha a atenção.
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Chegados à Quinta do Monte d’Oiro, José Bento dos Santos tratou de mostrar a sua família vegetal, contando sonhos para fazer, falando de amizades e seus significados.
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E assim continuamos até ao almoço, em que me brindou com um excelente vinho da Borgonha... abriu-me mais uma janela para o «mundo», tão raras são as vezes em que provo vinhos de grande calibre e doutros países. Ainda o tenho na boca da memória.
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Voltando à Quinta do Monte d’Oiro... não gosto do nome da quinta e disse-o, talvez sendo mal-educado com o meu anfitrião. Só há uns meses, conversando com Francisco Bento dos Santos, percebi: Monte d’Oiro por causa da tonalidade dourada que assume no pôr-do-sol. Quinta do Monte d’Oiro é nome bonito e poético... «mundo».
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Obviamente que «conheço» muito pior Francisco Bento dos Santos, mas parece-me herdar do pai o gosto pela vida grande (não é vida em grande).
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José Bento dos Santos tem uma paixão pelos vinhos da Côte du Rhone e pelos de Chapoutier, especialmente – foi a impressão com que fiquei. Na visita pela Quinta do Monte d’Oiro, o meu anfitrião revelou-me dois dos seus sonhos: plantar uma vinha igual a uma velha que existe no Domaine e outra com os três melhores clones dessa vinha ou duma outra muito boa também – não me recordo. Em troca, o amigo francês plantou touriga nacional.
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Se não erro, as vinhas são quase só de syrah e de viognier, casta branca que tempera a tinta – à moda da sua apaixonada região francesa. Mas há ainda petit verdot, touriga nacional e tinta roriz.
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Os syrah (mais viognier) de Bento dos Santos são icónicos. Melhor, pior, igual são injustiças. Não posso dizer que são os melhores syrah portuguesas, mas posso afirmar que se não são, são quase...
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Volto atrás! Corrijo. Francisco Bento dos Santos vai pelo «mundo» do pai. Prova? O vinho feito para a Tasca do Joel, restaurante de Peniche, evocando a prova do campeonato mundial de surf que ali tem decorrido desde 2009. Não me recordo ao ano do campeonato a que se refere nem à colheita. Lembro-me é da festa, do vinho. A diversão começa no rótulo, um chinelo de enfiar no dedo – flip flop, dizem lá fora. O sapato de praia formado por palavras alusivas ao surf e seu ambiente. Não vou comentar o vinho, até porque foi (é) uma brincadeira.
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Neste momento impõe-se um pedido de desculpas a José Bento dos Santos (provavelmente a toda a sua família) por uma crónica que escrevi sobre o vinho que homenageou António Carqueijeiro. O que está escrito e publicado, está escrito e publicado, e o que entra na net nunca mais sai, mesmo que seja «impossível» de encontrar.
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Avaliei o Homenagem a António Carqueijeiro 1999 com nota oito, numa escala decimal. Relembro ou conto, que a minha escala de notação (de prazer) não é óbvia, pois o três já é positivo. Não vejo por que hei-de elaborar uma escala de vinhos «evitáveis» (dois) ou «imbebíveis» (um). Ora, oito significa «fantástico».
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A nota é muito boa, mas o que tem de errado? Trata-se duma homenagem e hoje, com mais pensamento, considero não ter o direito de classificar a oferta que alguém atribui a um amigo, sobretudo se esse amigo já não está na carne. Podem dizer que o vinho estava à venda e que o comprei, pelo que posso dar-lhe uma nota. E não interessa se foi caro ou barato nem a sua relação entre a qualidade e o preço (coisa que me diz zero). Não, nop, nestum... homenagens, não são meras lembranças, não tenho o direito de as classificar.
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Aprendi sozinho, porque foi por me ter posto a matutar. Não sendo estúpido (embora fique abaixo da média) consegui pôr-me no «lugar do outro». Espero não ter ofendido José Bento dos Santos, provavelmente nem leu a crónica (de toda a forma, que significado tem este blogue e que importância tem o seu autor?). De toda a forma peço-lhe desculpa e a todos os que se terão melindrado.
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De modo diferente, poderia escrever acerca do Paisagens por José Avillez 2007 – mas tendo-se tratado duma oferta, e num contexto que não vou explicar, abstenho-me de dizer... o mesmo acontecendo com o Quinta do Monte d’Oiro Reserva 2008 e o Quinta do Monte d’Oiro Madrigal 2012.
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Vendo, percebendo, o mesmo encanto em mim, Francisco Bento dos Santos ofereceu-me uma colecção de DVD do programa televisivo «O sentido do gosto», obra do seu pai.
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Por tudo o que escrevi, percebe-se a minha estima por José Bento dos Santos, apesar de nos termos cruzado poucas vezes. Entrou, pela «janela» muitas vezes em minha casa, por isso tenho o direito a sentir afecto. E por tudo o que escrevi, mesmo sem nota de prova ou de apreciação, os vinhos que citei... nem é preciso pensar.

José Maria da Fonseca apresenta gama de brancos: Quinta de Camarate Branco Seco 2013 – Quinta de Camarate Branco Doce 2013 – Branco Seco Especial (BSE) 2013 – Periquita Branco 2013 – Montado Branco 2013

Disse 5.000.000.000 (mil milhões, não é bilião) que este blogue reflecte gosto, que as provas não são científicas, que normalmente são avaliados em convívios (sempre agradáveis, graças a Deus), assumidamente apaixonado ou zangado, influenciado por quem os faz ou pela sua história. Nunca penalizando (em demasia) vinhos bem feitos.
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Isto a propósito de gostar da equipa da José Maria da Fonseca e de lhe reconhecer competência e imaginação. Do rapaz inquieto, imaginativo e irreverente que manda na enologia. Gosto muito dos vinhos da casa, embora já tenha dado notas, embora positivas, que não transcendem (veja-se o caso do Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel Roxo).
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E julgo que, apesar deste afecto, serei justo na avaliação.
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Tinha de ter este desabafo, até por uma razão. Eu, que sempre disse marimbar-me para aquela coisa subjectiva da relação entre a qualidade e o preço, tenho de manifestar que nesta colecção há (quase) pechinchas. Bem, descontem o que quiserem da subjectividade do meu apreço pela equipa da empresa.
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Começo pelo mais óbvio, aquele que une gerações. Regular, com perfil assente, indicado para o consumidor que quer marca e não añada (como dizem os espanhuelos). Uma regularidade implica saber técnico apurado – e estou a falar duma realidade de 200.000 litros. Qualquer mexida, para acompanhar o gosto ou moda, tem de ser feita com muito cuidado, para que o ganhar de clientes não faça perder os que já tem.
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Refiro-me ao BSE. O BSE é (dos poucos em Portugal) que é uma instituição. BSE é BSE. Ponto final, parágrafo.
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Vai bem com quase tudo, acompanha ambientes, não deslumbra, mas nunca desilude. Fez-se com antão vaz (a maldita – 45%), fernão pires (33%) e arinto (22%). O arinto dá uma frescura que amaina a antão vaz. Confesso que nunca pensei que essa «coisa» lá estivesse metida. O fernão pires há-de ter uma função qualquer, mas, como não sou engenhêro, mantenho-me calado.
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Outro óbvio é o Periquita Branco 2013... Quando saiu o primeiro Periquita amarelo fiquei triste, pois tinha de ser vermelho carregado, como sempre foi. Passado o amuo, reconheço-lhe virtudes. Acho-o menos polivalente que o BSE, mas mais convidativo para a mesa.
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O Periquita Branco 2013 fez-se com verdelho (64% – acho que o mestre Domingos tem uma paixoneta por esta casta), viosinho (14%) e viognier (22%). É um vinho menos neutro e menos óbvio que o BSE, mas não lhe tenho o mesmo amor.
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O Montado Branco 2013 foi o da colecção que menos alegria me deu. Mas fiquei a saber que existe uma casta chamada «alva». Sem indicação de percentagens, além da alva, fez-se com tamarez e rabo de ovelha.
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A cena tropical, para mim, fica-se pelas camisas dos americanos nos cruzeiros e na Florida, pelos calções de banho (tipo cueca de gola alta) e pelos chinelos de enfiar o dedo (flip flop – termo anglo-saxónico, onomatomeia certeira).
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Pois o ananás, manga, melão, leve maracujá e limão... epá! Não é a minha praia. Deve ser para muita gente, ou não houvesse tantos vitivinicultores a apostar nos trópicos. Como diz o tipo do vídeo do skate: «sai da frente, Guedes»!
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Diverti-me larguete com o Quinta de Camarate Branco Seco 2013... e aqui há tropical... mas não o tropicalzinho. É muito fixe. Feito com uma casta fora do sítio, a alvarinho (50%), que lhe dá «doçuras» e fruta, e verdelho (50%) que lhe levanta o ânimo.
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Mas curtir, assim mesmo com os pés na areia, mergulhos, pirolitos, regresso ao poiso, amêijoas, mergulho... piscina tem menos piada. O Quinta de Camarate Doce 2013 é dos vinhos que mais me divertiu dentro dum espaço de tempo razoável.
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Quero lá saber da Troika... o PSI 20 está em queda?... O Belenenses perdeu? O João Galamba foi vítima de mais um triste espectáculo?... amêndoas fritas, amendoim salgado, camarões (arriscaria), amêijoas (arriscaria muito)... Sol, praia, férias, festas até de manhã... é um Verão!
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Tropical (ai), mas complexo. Não é uma fruta, nem duas... e com frescura. Divertidíssimo! Calhou-me tão bem... Pois tomem lá os aromas: lima, limão, laranja, manga, banana, melão, alperce, lichias, flor de laranjeira (talvez seja confusão com outros citrinos), erva cortada... e na boca, o doce é agradável, não me enjoou nada. Com bom final, a atirar-se ao alongamento... eu que não me meto em preços nem aos valores recomendados pelos produtores...
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Até me lembrou festas na praia ou a maluquice das discotecas ao ar livre, em Sevilha, a dançar músicas kitsch, como só os espanhóis sabem fazer, e que divertem-me horrores.
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Mas mais justo, com os citrinos é o Brasil... quero!
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No fim segue um vídeo, é de homenagem a este vinho.
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Branco Seco Especial (BSE) 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 5/10
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Periquita Branco 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 5/10
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Montado Branco 2013
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 3,5/10
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Quinta de Camarate Branco Seco 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca:
Nota: 5,5/10
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Quinta de Camarate Branco Doce 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 6,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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Nota: Música de Fernanda Porto com DJ Patife

sábado, abril 26, 2014

Restaurante Aviz, além de comida de eleição, muita história e estórias

Cláudio Pontes, de 33 anos, é o novo (Novembro)  chefe de cozinha do Hotel Aviz, em Lisboa. É um cargo de grande responsabilidade, por causa de toda a história que o nome do hotel encerra. Além da marca antiga e de prestígio, nele radica um título de responsabilidade: a de herdeiro do chefe João Ribeiro, o cozinheiro de Calouste Gulbenkian. Só dele? Sim, pois a dada altura o milionário arménio tornou-se no único hóspede do estabelecimento.
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Para não esmagar com história Cláudio Pontes, avanço com o motivo da crónica e depois conto o resto. Micaelense, cursou na Escola de Hotelaria e Turismo da Pontinha, em Lisboa. Em 2001, ingressou no Hotel Le Méridien, da capital portuguesa, como primeiro cozinheiro. Depois esteve no Hotel Miragem, em Cascais, onde foi chefe de partida e responsável pelo peixe, até 2006. No ano seguinte, junta-se a Aimé Barroyer no Pestana Palace Hotel como subchefe, acompanhando-o depois até ao Hotel Oitavos e no restaurante Tavares, como subchefe executivo, fazendo parte da equipa que obteve uma Estrela Michelin.
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Se está ao nível do mestre João Ribeiro é algo que poucos poderão contar, devido à lonjura do tempo. Ainda assim, há que notar que no tempo do mítico cozinheiro não havia em Lisboa, nem no país, alguém que pudesse ombrear, ou se havia era caso raro. Portanto, à partida... como no Totobola: 1X2. Aposto no X.
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Há uns dias, uns meses (o tempo passa depressa), fui convidado para participar num almoço de apresentação da cozinha Cláudio Pontes. Obviamente que a lista é mais longa do que aquela experimentada, e é só desta que estou «autorizado» a comentar. Tenho de realçar, que terei de saltar dois pratos, visto serem de peixe (não é alergia, mas quase), julgo que especialidade do senhor. Como houve comes de recurso, não posso ajuizar tudo o que foi para a mesa.
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O Hotel Aviz serve pequenos-almoços das 7h00 às 10:30, almoços das 12h30 às 15:00 e jantares das 19:30 às 22:30. Mas a cozinha não encerra
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O que comi surgiu sempre muito bem casado com os vinhos, ambos Stanley. Convém fazer referência que os Stanley são produzidos pela Fundação Stanley Ho, presidida por Carlos Monjardino, proprietário do Hotel Aviz. As iguarias mais leves foram brindadas com Stanley Branco Chardonnay 2011 e os mais substanciais com Stanley Aragonês 2004.
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Uma nota prévia, um aparte: consta que a lampreia do Hotel Aviz é digna dos mais exigentes. O actual chefe apresenta algumas das emblemáticas receitas do ancestral hotel, como os «filetes de linguado de areia com laranja», «milhos e pleurotus», «bacalhau à Gomes de Sá à Aviz», a trabalhosa e demorada «perdiz à moda do Convento de Alcântara», «salmonete com batata-doce»...
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Primeiro veio uma «terrina de lebre com pistacchios e molho de frutos silvestres». Antes de comentar tenho de puxar as orelhas a quem escreveu pistacchios, pois o vocábulo existe em português: pistáchio. As árvores dos pistáchios são originárias da Ásia Menor, Irão, Iraque, Síria e Palestina. Sendo Calouste Gulbenkian de origem arménia, em tempos parte do Império Otomano, aqui está uma bonita (não sei se propositada) homenagem.
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Assumo-me como apreciador de lembre. Raramente um coelho me satisfaz, mas lebre é diferente. Esta estava gulosíssima, com (para mim) inesperados pistáchios e (mais ainda) molho de frutos silvestres.
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O primeiro prato de peixe foi «corvina do Tejo a mariscar ostras e mexilhões na Foz». Pois! Não comi, mas vir comer. O que vi nos olhos dos outros comensais foi um misto de surpresa, daquela que surpreende mesmo e que ainda assim podia ser óbvia. Como ser escrevente, digo: que designação tão bonita para um prato. Temos cozinheiro poeta.
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A segunda ronda vinda dos mares foi «pampo de Peniche, abafado em jeropiga, castanhas, grelos e “papo de rola”»... conhecem a anedota da família muito pobre em que, um dia, o filho chega a casa e diz:
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– Mãe, pão com queijo é tão bom!
– Comeste, filho?
– Não, mas vi comer.
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Embora tristemente sádica, a anedota ilustra o que vi. Gente a deliciar-se.
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O pampo tem vindo a aparecer nas mesas portuguesas. Sendo coisa aparentemente nova (é-o) ou será importado (não, porque veio de Peniche), ou é aproveitado por ausência das espécies tradicionais, vítimas de sobrepesca, ou imigrado. Numa breve consulta na internet, o pampo, também conhecido por peixe-porco ou peixe-mola, é um animalejo de apetite voraz e que abordou a nossa costa há coisa de 20 anos. Proveniente da costa da América do Sul, será mais um infeliz exemplo do aquecimento global do planeta.
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A seguir veio (finalmente) a vianda: «rabo de boi à “Rossini”» – deveria ser rabo-de-boi, mas vou tentar esquecer a mania, até porque esta é no português «antigo», pré-aborto ortográfico. Impecável! Embora não seja apreciador de rabo-de-boi distingo o bom do mau, e este estava im-pe-cá-vel. Ao que julgo ter ouvido, esta iguaria era uma das favoritas de Calouste Gulbenkian.
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«Soufflé de castanha» chegou depois e catitíssimo. Já que esta nota é curta, dedico-me a um erro de português (meu), que consiste em não mudar de parágrafo quando muda o assunto. Como escrevi antes, não provei os peixes, tendo-me sido servidos «paté maison» e «pato estufado prensado» – excelentes, mas talvez não tão brilhantes quanto poderiam ser (por culpa minha) por ter trocado as voltas ao cozinheiro, ficando, por isso, um pouco mancos na maridagem com o vinho. Mas tudo naice (do inglês «nice»).
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Para finalizar... ai minha mãe santíssima! Já que se falou em Rossini: GRAND FINALE! «Hidromel servido em bloco de gelo». Repeti, não sei se por duas vezes.  E para fechar o primeiro acto nada como uma das mais célebres áreas do compositor e gastrónomo Gioacchino Rossini.
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Se o tempo voltasse atrás e não tivessem destruído o património edificado das chamadas Avenidas Novas, Lisboa teria das mais elegantes vias da Europa. A sua centralidade, a progressão da economia e a vontade de ter sede ou escritórios junto as estradas com prestígio acabaram por tornar essa área de Lisboa numa comum zona citadina, com alguns prédios que só se toleram nos subúrbios.
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As Avenidas Novas faziam-se de «pequenas» casas de pouca altura, em Arte Nova, e alguns edifícios de apartamentos, com traça elegante. As Avenidas Novas são também associadas a edificações com o Prémio Valmor – um reconhecimento anual, por parte da Câmara Municipal Lisboa, de construções de elevada qualidade arquitectónica.
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Instituído, em 1902, por Fausto Queiroz Guedes, quinto visconde de Valmor, nem sempre foi atribuído, por vezes por largo período de tempo. Este troféu dividia-se em partes iguais entre o arquitecto e o dono da obra. Actualmente continua a ser atribuído, mas desconheço se a ele está associado algum valor pecuniário.
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Nessa elegância situava-se o Hotel Aviz, que ocupava o palacete Silva Graça, mandado edificar por José Silva Graça, director do jornal O Século, uma instituição jornalística infelizmente morta.
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Fugindo da ditadura do governo, fantoche dos nazis, de Vichy, Calouste Gulbenkian, milionário de origem arménia, chegou a Lisboa, em 1942, para embarcar para Nova Iorque. Porém, a simpatia e hospitalidade dos portugueses prenderam-no e daqui não mais saiu. Hospedou-se no Hotel Aviz, que, de alguma forma, lhe lembrava o seu querido Hotel Ritz de Paris, também instalado numa casa apalaçada. O ditador português, António de Oliveira Salazar, não quis deixar voar o passarão e arranjou de tudo o que o pudesse fixar, nomeadamente um sistema fiscal favorável.
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O milionário construíra um império de produção e negociação de petróleo, com uma posição na Iraq Petroleum. Acontece que a Grã-Bretanha lhe confiscou os bens (por ser cidadão de estado inimigo), nomeadamente as acções nessa petrolífera. Mais tarde e já com os seus bens mobiliários devolvidos, e com indemnização, participou nas negociações entre franceses, holandeses, britânicos e norte-americanos para a Turkish Petroleum, cabendo-lhe 5% do capital. Esta percentagem amplificou-lhe a fortuna e foi a base de ter passado a ser conhecido pela alcunha de «senhor 5%».
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Ora, um homem a quem não faltava dinheiro, nem vivência de mundo, não poderia instalar-se noutro lugar que não no carismático Hotel Aviz, que na época talvez só tivesse por rival o Hotel Avenida Palace, começado a erguer-se em 1890, nos Restauradores, «colado» à então principal estação ferroviária lisboeta, a estação do Rossio – aliás é comum na Europa existirem unidades de luxo junto a gares ferroviárias.
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O pequeno Hotel Aviz ganhou fama e qualquer celebridade que desembarcasse em Lisboa era lá que desejava instalar-se. Desde plebeus a reis, quase todos os ricos e famosos, em trânsito por Lisboa, ali pernoitaram: Frank Sinatra, Ava Gardner, Maria Callas, Marcello Mastroianni, Charles Boyer, Josephine Baker, Amália Rodrigues, a Rainha D. Amélia, Eva Perón, o duque de Windsor, o conde de Barcelona (herdeiro do trono de Espanha) ou o exilado Rei Carol da Roménia.
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Há, aliás, um episódio curioso com uma destas celebridades. Durante a Segunda Guerra Mundial, António de Oliveira Salazar ofereceu asilo a Maria Amélia Luísa Helena de Orleães Bragança, mais conhecida por Rainha Dona Amélia, a última de Portugal – o último Rei, seu filho, D. Manuel II, só viria a casar-se em 1913, permanecendo de pé sobre um caixote cheio de terra portuguesa.
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Nascida com cidadania britânica, Dona Amélia de Orleães Bragança foi a primeira pessoa da Casa Real Portuguesa a poder pisar solo nacional, após a Revolução de 5 de Outubro de 1910, que implantou a república (de tão triste sina). Após o casamento do seu filho D. Manuel II, Dona Amélia mudou-se, em 1932, para França, para o Châteaux de Bellevue, em Versalhes, junto a Paris. Julgo que terá sido por essa altura que assumiu cidadania francesa.
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Mostrando grande carácter, marca de grandeza real, Dona Amélia recusou o exílio oferecido pelo ditador português, aceitando as agruras da guerra e da ocupação alemã como qualquer outro seu patriota (dúvida se já era francesa).
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Com a capitulação da Alemanha, cujo tratado foi assinado a 8 de Maio de 1945, a antiga Rainha de Portugal correu para visitar o país que fora forçada a abandonar. Estando os bens reais na posse de organismos da República e não tendo ainda sido devolvidos os bens particulares da Casa de Bragança, o Hotel Aviz pareceu, a Oliveira Salazar, ser o local mais óbvio para instalar Dona Amélia.
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Pois que tal criou um problema... com ciumeira (em parte compreensível) de Calouste Gulbenkian, Oliveira Salazar correu o risco de perder o seu magnata. O séquito de Dona Amélia era vasto e o milionário arménio não queria confusões no seu Hotel Aviz. A solução foi encontrada ao mais alto nível do Estado, com papel activo do ditador. Segundo sei, Calouste Gulbenkian terá ficado temporariamente algures no Estoril, tendo-me também constado que teria sido no Forte de São Julião da Barra, edificação que já na altura servia de retiro de descanso de Salazar.
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Aparte o Hotel Aviz, há acontecimentos colaterais dessa época, que foi rica em novidades. O fim da Segunda Guerra Mundial trouxe a paz entre as duas facções da Casa de Bragança, a «Constitucional», descendente de D. Pedro IV, e a «Absolutista», sucessora de D. Miguel. Embora a 30 de Janeiro de 1912 se tenha assinado o Pacto de Dover, entre as duas facções, a família nunca se reconciliara verdadeiramente.
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Esse tratado entre Braganças estabeleceu que D. Miguel de Bragança reconhecia D. Manuel II como Rei de Portugal, tendo o monarca, seu primo, se comprometido que, caso falecesse sem descendentes, a chefia das Casas Real e de Bragança passaria para D. Duarte Nuno. Esse tratado tem sido contestado ultimamente, argumentando-se com falta de documentação e provas, por parte doutro ramo com ascendência em D. Pedro IV. A figura de proa é o fadista Nuno da Câmara Pereira, que defende o direito legítimo à chefia do duque de Loulé (actualmente D. Pedro de Moura Barreto). Contudo, é uma corrente minoritária entre os monárquicos portugueses. Esta via nem foi considerada a quando do julgamento sobre a posse dos bens da Casa de Bragança, que opôs D. Duarte Nuno a D. Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança (escritora e jornalista), que alegava ser filha ilegítima do Rei Dom Carlos, sendo sua mãe Maria Amélia Laredó e Murça. Assim, argumentava que, com a morte de D. Manuel II, seria ela a legítima herdeira da Coroa de Portugal e dos bens da Casa de Bragança.
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Embora o Tribunal Apostólico Sacra Romana Rota a tenha reconhecido, em 1972, como filha do Rei assassinado, D. Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança nunca venceu na justiça civil republicana. Litigando com D. Duarte Pio (actual duque de Bragança), a fidalga foi vencida, em 1982, no Supremo Tribunal de Justiça. Foi advogado dos actuais titulares o mítico João Camossa, monárquico, anti-fascista (preso e torturado pela PIDE) e um dos fundadores do PPM. Conhecido por andar mal-amanhado (mal-vestido e não apenas esteticamente), foi por muitos alcunhado de «anarquista».
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Recuando no texto e no tempo, foi um pouco antes da visita de D. Amélia de Orleães Bragança que se deu a reconciliação entre «absolutistas» e «constitucionais» (diferendo ainda não aceite por facções monárquicas residuais). O motivo foi o baptismo do filho de D. Duarte Nuno. A antiga rainha aceitou ser madrinha de D. Duarte Pio, nascido em Berna, em 15 de Maio de 1945.
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Com o fim das hostilidades na Europa, o continente refazia-se e Portugal (Lisboa) perdia o seu importante papel estratégico e geopolítico. Porém, as celebridades ainda se passeavam pela capital. Na crista da elite? O Hotel Aviz. Em 1950, a Life reconheceu o restaurante Aviz como sendo o mais sumptuoso do mundo.
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Sic transit gloria mundi... o tempo é cruel e o surto de desenvolvimento da Europa do pós-guerra, que soprou suavemente em Portugal, ameaçou o aristocrático Aviz. Com o surgimento de novas unidades hoteleiras de luxo, o Aviz passou de pequeno e exclusivo a pequeníssimo e exclusivo, mas sem novidade... Em Lisboa queria-se o novo cosmopolitismo, respirar algum novo ar. O Aviz perdeu importância.
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Primeiro chegou o Hotel Ritz, em 1952 – sendo um marco assinalável da corrente arquitectónica do seu tempo, com o traço de Porfírio Pardal Monteiro. O Ritz foi incompreendido pela sociedade, por romper com toda a estética conhecida pela pacóvia Lisboa, chegando mesmo a surgir anedotas depreciativas. O segundo golpe foi a pressão imobiliária. Em 1962, o Aviz fechou as portas e a cozinha. O valor da oferta financeira ditou a queda. No seu lugar ergueu-se o Hotel Sheraton, em 1972. Com desenho do arquitecto Fernando Silva, foi durante muito tempo o mais alto do país (hoje é o sétimo). Actualmente emblemáticos, e símbolos das correntes arquitectónicas das épocas das suas construções, esperemos que não venham um dia a ter o azar do Hotel Aviz ou do Hotel Estoril-Sol.
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Não escreverei tristezas, que o que lá vai, lá vai... Parece consensual que Calouste Gulbenkian gostava de João Ribeiro, ou o chefe não permaneceria no Hotel Aviz durante os 13 anos em que o magnata lá esteve instalado. Calouste Gulbenkian tinha uma relação curiosa com o cozinheiro. Admirava-lhe a cozinha, mas apoquentava-o frequentemente. Minudências e teimosias de quem tem muito para gastar e pouco para fazer.
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Uma das estórias que se contam é que o milionário costumava chamar o mestre João Ribeiro para o admoestar sobre... a temperatura do prato. Aquela receita, em particular, tinha de ser servida a uma temperatura específica e o milionário entendia que não estava correcta. Com divergência de opiniões, era chamado o termómetro para decidir. Muitas vezes ganhava Calouste Gulbenkian.
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Calouste Gulbenkian adorava Lisboa, mas por vezes sentia a falta de algum glamour das grandes cidades e capitais, nomeadamente da capital francesa. Com alguma frequência mandava o cozinheiro a Paris aprender clássicos e novidades... o que agora se chama «fazer formação».
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A experiência e conhecimento adquiridos por João Ribeiro e o seu convívio com Calouste Gulbenkian tornaram-no numa referência. Com escrita de José Labaredas e José Quitério, em 1996 foi editado, pela Assírio & Alvim, «O livro de mestre João Ribeiro». Nunca o vi e o que me consta é que se trata dum compêndio para «iniciados», gente da selecta sociedade alquimista da cozinha. Só quem conhece de tachos e deles faz vida, ou dedica largos dias e horas, lhe compreende a leitura, enquanto os mortais se perdem por falta de referências e cultura.
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Directa ou indirectamente, muita da história de Portugal, duma determinada época, passou pelo Hotel Aviz. Com o fecho em 1962, o restaurante Aviz conheceu diferentes localizações, nomeadamente Chiado, Amoreiras e Estoril. A minha memória do Aviz é na rua Serpa Pinto, no prestigiado Chiado.
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Depois de anos de inexistência, o Hotel Aviz ressuscitou em 2005, o ano que assinalou meio século sobre a morte de Calouste Gulbenkian. Hoje é um hotel de quatro estrelas, situado na rua do Duque de Palmela, juntinho à rotunda do Marquês de Pombal.
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Embora não tenha espreitado, mantém uma garrafeira de eleição (disseram-me). Tem mais genes do antigo: peças decorativas, serviço de mesa, como os pratos de porcelana exclusivos, fabricados pela Vista Alegre, e alfaias de mesa em christofle, um mimo raríssimo na hotelaria actual.
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Christofle é estabelecimento francês criado em 1830. A designação deve-se ao joalheiro francês Charles Christofle, que serviu o imperador Napoleão III. Embora a gama seja mais vasta, os faqueiros «em» christofle são os mais conhecidos, dando quase a ideia de que se trata apenas de cutelaria ou dum material. O «material» christofle resulta de processamento da prata (electrólise e galvanização). Com bom peso, tornou-se popular nas casas abastadas, com a vantagem, em relação à prata, no que respeita ao odor.
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Nota: O vídeo mostra a área «largo al factotum», da ópera «O barbeiro de Sevilha, de Gioachino Rossini, aqui interpretada pelo barítono Rolando Panerai.

Quatro novidades das Quintas de Melgaço – com uma bela surpresa – QM Super Reserva Espumante, QM Alvarinho 2013 e QM Alvarinho Vinhas Velhas Colheita 2012

Confesso que tenho alguma dificuldade em escrever o que é melhor do que o outro. São três os vinhos (mais um que conto depois, fora do ramalhete) provados e, com sinceridade, não os sei classificar facilmente e exprimi-lo na justificação.
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Primeiro ponto: cada um é para o que nasce! A casta alvarinho nasceu para a sub-região de Monção e Melgaço. Pode dar-se bem noutros locais, apresentar variações, mas... ali... é do mais ilustrativo do que é um terroir.
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Onde a frescura do clima, a mineralidade do solo, o temperamento da casta e o saber do homem se juntam. Terroir (pode ser mais complicado), mas isto já define. O granito e um pouco de citrino, verde de erva fresca, por vezes floral.
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Os alvarinhos desta sub-região batem tudo e de longe (nem a arinto de Bucelas consegue tantos créditos diferenciadores de qualidade). É claro que não são a última Coca Cola do deserto, mas serão das últimas.
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Quem quer saber o que é a casta alvarinho tem de beber do dali... não é como a vadia da touriga nacional, que vai com quase todos. Se há castas portuguesas que vão bem estreme (não conto muitas), está aqui uma... mas de Monção e Melgaço.
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As Quintas de Melgaço comercializam-se como QM – não é óbvio nem identificativo, mas quem já deu uns tirinhos nas barraquinhas das feiras de vinhos sabe e não precisa que lhe expliquem.
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O que sinto nos alvarinhos em geral, e nos QM, em particular, é uma complexidade sedutora, em que é fácil, mas não óbvio, com segredos e diferentes níveis de leitura. Obviamente que isso significa polivalência.
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QM Alvarinho 2013 – simples, desnudado. Não é cru, é naturalmente despojado de artifícios. Sensível e delicado: praia/piscina, peixe assado, marisco, festa, conversa, aperitivo.
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O QM Alvarinho Vinhas Velhas 2012 é o morgado, o senhor do solar. Com uma classe e tipicidade digna dos fidalgos do Entre-Douro-e-Minho. Chamam-lhe vinhas velhas e notam-se diferenças... mas são novas, meros 20 anos. Que isto fique assente em acta – o que não lhe tira brilho.
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Este é dos tais que são o que é! Alvarinho é isto! Cítrico, flor de laranjeira, granito... «vento» (não sei definir essa frescura) folhagem verde do Alto Minho (ok, não estou nos meus dias para precisões nos descritores, também...). Ao contrário do enólogo (Jorge Sousa Pinto) que escreveu na ficha que tinha fruta tropical madura, notei-lhe a virtude de não dar por ela... só depois de ler a ficha e continuar com o vinho é que tal coisa me veio à lembrança – a tal coisa dos níveis de leitura. É longo na boca e fundo.
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O QM Espumante Super Reserva é um senhor! Ou melhor, um cavalheiro... que visita os parentes no campo. Com boas maneiras, com bolha fina, suave e persistente. Mineralidade, notas «verdes» (hoje não dou pra mais), citrinos, talvez um nico de manga madura, um temperozito.
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Como cavaleiro; sabe estar na sala, no café, no club, na praia, na tasca ou em qualquer lugar. Vai bem como aperitivo, para a conversa, para o Verão, para o Inverno, para peixe, para marisco, para carne no forno, para carne grelhada e até bolos.
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A surpresa: QM Alvarinho Vindima Tardia (2012?). O produtor diz que foi o primeiro a produzir um colheita tardia na região dos Vinhos Verdes... conheço mais dois: Quinta do Ameal e Quinta de Sanjoanne (este assume-se como passito). Tenho ideia de que o Quinta do Ameal não foi tocado pelo fungo botrytis cinerea (podridão nobre).
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A surpresa da QM foi tocada pela botrytis cinerea e tal nota-se. É um belo vinho. Não esperava. Todo ele de alvarinho. Mineral, amêndoa, avelã, alguma manga, citrino (a atirar para o limão), untuoso e longo.
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QM Alvarinho 2013
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Origem: Vinhos Verdes
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 6/10
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QM Alvarinho Vinhas Velhas 2012
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Origem: Vinhos Verdes
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 8/10
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QM Espumante Super Reserva
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Origem: Vinhos Verdes
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 8,5/10
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QM Alvarinho Vindima Tardia (2012?)
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Origem: Vinhos Verdes
Produtor: Quintas de Melgaço
Nota: 8/10

sexta-feira, abril 25, 2014

Loios Branco 2013

João Portugal Ramos tem, além de ser um excelente enólogo, a virtude de ser do Belenenses (não vou contabilizar isso na apreciação). Tem uma outra: não cai na tentação de fazer um vinho branco com (a maldita) antão vaz. As uvas são arinto, rabo de ovelha e roupeiro.
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Outra coisa boa: não tem receio de fazer um vinho de preço baixo (vale o que vale – não revelo segredos de algibeira e manifesto que não concordo com essa coisa da relação entre a qualidade e o preço) sem frutinhas doces, sumarentas...
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O teor de álcool convida (12,5 graus), tem mineralidade e uma finura de bela-luísa. Leve de querer mais. Não é exactamente o meu estilo de branco, mas reconheço-lhe boas virtudes.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos
Nota: 4,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

quinta-feira, abril 24, 2014

Dois rosés da José Maria da Fonseca – Periquita 2013 e Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel Roxo 2013

Como nem todos gostam do mesmo e/ou nem sempre se quer o mesmo, eis que a José Maria da Fonseca lançou dois rosados. Têm perfis distintos, porque são feitos de uvas diferentes, de locais distintos e de composição variada. Quantidades não comparáveis... os preços também são diferentes, mas isso é coisa que não comento.
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O Periquita Rosé 2013 fez-se com uvas provenientes de terrenos arenosos, certamente mais quentes do que o do outro rosado. As castas foram as castelão (52%), aragonês (37%) e trincadeira (11%).
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Sambinha, praia... esquece a caipirinha porque não chegas ao fim da festa... as miúdas curtem o rosa e um homem que usa rosa é mais homem (do que me fui lembrar de inventar). Pois praia, piscina, churrasco, música alta, com groove... eu continuo a vibrar com drum and bass... organizem a festa na praia, que eu levo roupa colorida e alguém para conduzir.
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E é aquela cena dos frutos do bosque... nos tintos, por vezes, enjoam e pesam, mas nos rosados são alegria. E estes estão frescos.
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Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel Roxo 2013... é outra onda. Este é para jantar a namorar e a ver o mar (tantos ar). Delicado e floral, rosas, flor de laranjeira, lichias... delicado, já disse? Bebi-o em várias ocasiões e...
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Pois que não me cai no goto. Ano após ano, o mestre Domingos Soares Franco insiste e tem bom resultado, com vivas e aplausos... o problema só pode ser meu... é que não me diz nada. Não o entendo.
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Já que referi no outro: este vem de solos argilo-calcários, provavelmente com altitude superior ao outro e, logo, mais fresco (parece simples... se fosse só assim até eu era enólogo). Trata-se dum monovarietal da casta moscatel roxo.
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Embora este blogue assente no gosto particular do seu autor (eu), jamais me passará pela cabeça dar uma traulitada das grandes num vinho bem (muito) feito. Respeitinho é bonito, e seria injusto castigar o que é bom, só porque não gosto... mas leva aparadelas na nota (como se isso interessasse a alguém e fizesse mossa aos amigos da José Maria da Fonseca).
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Periquita Rosé 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 5,5/10
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Colecção Privada Domingos Soares Franco Moscatel Roxo 2013
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Origem: Regional Península de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Nota: 4/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

quarta-feira, abril 23, 2014

Alandra Branco 2013 e Alandra Tinto 2013

Não entrando naquela coisa dúbia, subjectiva, bbbrrrrrrr que é aquela coisa da relação entre a qualidade e o preço... pois depende da algibeira, disponibilidade, momento, gosto, comparação com outros produtos... tenho a dizer que:
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Fazer uns quantos milhões de litros todos os anos (porque só podem ser milhões), com qualidade (ou se preferirem sem defeitos), baixo preço, mantendo um perfil, porque o consumidor desse vinho quer é marca e não anuidades... é obra! A enologia é uma disciplina técnica. Apesar de muitos técnicos também saberem fazer arte.
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Lembro-me dos Alandra desde que saíram (1255 ou 1256 – reinava em Portugal Dom Afonso III) e nunca me desiludiram. Aquilo é aquilo e não é nem quer ser mais do que aquilo. Um vinho honesto e regular. Corria o anno da Graça Nosso Senhor Jesus Cristo de MCMXCI, esse primeiro.
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Apesar de na gama estar abaixo do Monte Velho, sempre preferi Alandra a Monte Velho. E não tem nada a ver com o preço. Manias de enófilo!
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Que se pode dizer? Não é sublime. Não tem um «não sei o quê de»... é um vinho para o dia-a-dia, para o copo que se bebe com o almoço (ou dois, com o jantar). É bom para a festança... É fresco e leve (o branco pesa um bocadinho mais do que devia, por culpa dum ser maldito...).
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Entre o tinto e o branco, que análise fazer? É o mesmo. Têm o mesmo princípio e a mesma estória para contar, e consulte-se o sítio do Esporão na internet e leia a estória/história de Alandra.
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Preferi o tinto, nem que fosse porque o branco tem lá aquela casta maldita.... (antão vaz).
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São vinhos descomplicados. O tinto fez-se com moreto, castelão e trincadeira. O branco elaborou-se com antão vaz (blheck!), perrum e arinto (e que leveza não terá dado ao antão vaz...)
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Alandra Branco 2013
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Origem: Portugal
Produtor: Esporão
Nota: 3/10
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Alandra Tinto 2013
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Origem: Portugal
Produtor: Esporão
Nota: 3,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.

terça-feira, abril 15, 2014

Sogrape participa em estudo europeu de biodiversidade

A Quinta do Seixo, propriedade da Sogrape, acolheu uma reunião de especialistas europeus em biodiversidade ligados ao pojecto BioDiVine (uma iniciativa financiada pelo Programa LIFE+), que visa reforçar as estruturas da paisagem vitícola e prossegue o objectivo da Comissão Europeia de travar a perda de biodiversidade no espaço comunitário.
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A escolha desta Quinta da Sandeman como palco deste encontro científico fica a dever-se às diversas acções e experiências que ali têm sido concretizadas, em estreita colaboração com a ADVID (Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense).
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Com o objectivo de avaliar o efeito da manutenção de uma biodiversidade saudável no apoio a uma viticultura sustentável (o que alia a conservação de valores paisagísticos, estéticos e naturais à rentabilidade económica da exploração comercial das vinhas),  a «Quinta do Seixo tem promovido, entre outras acções, a monitorização da diversidade no ecossistema vitícola, a promoção da biodiversidade no ecossistema vitícola através da plantação de sebes com espécies autóctones (madressilva, rosmaninho, roselha, caril, medronheiro, espinheiro), o   restauro do coberto vegetal natural, ou aumentando a luta contra pragas da videira como a traça-da-uva por estratégias biológicas (confusão sexual), reduzindo a luta por via química», lê-se no comunicado.
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No caso do coberto vegetal, por exemplo, aos quatro hectares dedicados em 2012 ao projeto, somaram-se mais cinco em 2013, que «serão utilizados para comparar a utilização de espécies regionais, como a aveia, o trigo, o centeio, o azevém, o tremoço e a tremocilha, com outras sementes comerciais, casos das leguminosas, gramíneas e mistura de ambas», explica António Graça, responsável pelo departamento de investigação e desenvolvimento da Sogrape.
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«Para a contagem de artrópodes foram instaladas armadilhas ao nível do solo e ao nível da folhagem onde são capturados e identificados. Para detectar e contar pequenos mamíferos, foram montadas câmaras de visão nocturna (infravermelhos), cujas imagens permitem comparar a sua quantidade e diversidade entre zonas de bosque ribeirinho, matas e vinha», lê-se no texto original..O
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Os resultados finais do projecto são esperados no final de 2014. «Entretanto, diversas espécies foram já repertoriadas entre mamíferos (javalis, raposas, coelhos,  ouriços-cacheiros, fuinhas, etc.), aves (toutinegras, piscoschamarizes, cartaxos, cotovias, estorninhos, chapins, picanços, rabirruivosverdilhõescarriçastentilhões, etc.) e insetos (coleópteros, himenópteros, dípteros, heterópteros, ácaros, aranhas, escorpiões, centopeias, milípedes, etc.), atestando a extraordinária biodiversidade natural da Região do Douro, considerada um hub de biodiversidade no Norte do país».
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O projecto BioDiVine é liderado pelo Institut Français de la Vigne et du Vin e conta com mais cinco parceiros de Espanha e França. As atividades estão a ser desenvolvidas em regiões vitícolas de França (Loire, Languedoc, Bordéus e Borgonha), Espanha (Priorat e Rioja) e Portugal (Alto Douro).
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«O programa LIFE+ é um instrumento financeiro europeu para o ambiente e é destinado a co-financiar acções no campo da conservação da natureza, especialmente projectos de demonstração e/ou inovação, contribuindo para os objectivos da Comunicação da Comissão Europeia: “Travar a perda da biodiversidade até 2010 e mais além”» – refere o comunicado da Sogrape.

sexta-feira, abril 11, 2014

JMF celebra 180 anos

A produtora de vinhos de mesa e de Moscatel de Setúbal, mais antiga do país, comemora em 2014 180 anos de existência. Com mais de 650 hectares de vinhas, repartidos entre a Península de Setúbal, Alentejo e o Douro, a empresa mantém-se na posse na mesma família, que agora é chefiada pela sexta geração.
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A empresa, que tem já a trabalhar a sétima geração tem os seus vinhos à venda em cerca de 70 países. O vinho mais icónico é o Periquita, mas são reputados os Moscatéis de Setúbal, quer novos quer antigos.
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Como aconteceram mais coisas em 1834, fica um linque para a Wikipédia... enciclopédia em que qualquer um pode escrever o que quer, mesmo que não seja exacto ou correcto. Dá jeito às vezes.