sexta-feira, junho 14, 2013

2 Tintos 2009

Thomaz de Lima Mayer é mais uma prova do que digo quanto à transmissão da alma ao vinho. Quem não quer bem ao seu vinho, quem não gosta do que faz, não lhe transmite a sua personalidade ou essência. Doutra forma, vinho será sempre apenas vinho.
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Conheço este cavalheiro há seis anos (como o tempo passa) e sempre notei uma simpatia genuína, educação e gentileza. Ano após anos, tenho provado os seus vinhos e noto-os em crescendo. Não são fotocópias uns dos outros, todos os anos um mesmo perfil, mas também o ambiente em que nasceram e cresceram.
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À alma de Thomaz Lima Mayer junta-se a sabedoria de Rui Reguinga, que, como poucos, tem a virtude de não ter uma fórmula. Julgo que saberá ouvir o seu cliente e a natureza, alinhavando um fato por medida.
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Há uns meses, Thomaz Lima Mayer convidou-me, uma vez mais, para ir a sua casa provar um novo vinho. Desta vez surpreendeu-me com a novidade 2 Tintos, nascido das castas petit verdot (que nasce fantástica na sua Quinta de São Sebastião, em Monforte) e alicante bouschet, uma variedade desprezada em todo o mundo e que despreza todo o mundo, mas que dá maravilhas na terra que o acolheu de braços abertos, o Alentejo.
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Este vinho, uma edição especial, que surgiu porque os frutos destas duas castas se revelaram em maravilha, estagiou 16 meses em barricas de carvalho francês.
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Meter descritores é um aborrecimento e às vezes não me apetece. Neste caso torna-se um pouco limitativo, pois é um vinho que se vai mostrando, revelando no copo e dando-se em prazer crescente. Consegue ser, ao mesmo tempo, poderoso e elegante, com densidade e delicadeza. O final de boca fica a conversar connosco.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Lima Mayer & Companhia
Nota: 8/10

Três artistas mostram trabalhos na Casa Museu José Maria da Fonseca

A Casa Museu José Maria da Fonseca acolhe entre 28 de Junho e 14 de Julho uma exposição única inteiramente dedicada ao vinho e apresentada por três artistas da Península de Setúbal, informou a vinícola em comunicado.
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3 Castas é o título da exposição colectiva de Pedro Marques, Teresa Machado e Pedro Botelho. «Com esta mostra, os artistas apresentam o seu trabalho, tendo o vinho como a sua principal fonte de inspiração e um tema que têm vindo a desenvolver com as suas ferramentas criativas, a escultura em ferro, a pintura e a escultura em pedra», lê-se no texto.
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A exposição poderá ser apreciada por todos os visitantes da Casa Museu José Maria da Fonseca, enquadrada nas visitas guiadas ao espaço, de segunda-feira a domingo, das 10h00 às 12h00 e das 14h30 às 17h30.

quarta-feira, junho 12, 2013

Três Vintage 2011 da Sogrape – Ferreira, Offley e Sandeman

A rasgar! O ano de 2011 foi um ano do caraças! Não sei se há alguma casa, por pequenina que seja, que não tenha declarado vintage... os grandes tubarões declararam todos. E a Sogrape fê-lo nas casas Offley, Ferreira e Sandeman.
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São três vintage diferentes, mas todos muito excelentes (acho que não é correcto, muito excelentes, mas apeteceu-me). Entre a fibra do Sandeman e a facilidade do Ferreira. Dizer qual o melhor é uma tarefa muito complicada! Foram provados os três na mesma ocasião e a sensação que deram é que são do melhor que há. Falta-lhes tempo, mas está lá tudo o que se pode querer. Grandes vinhos.
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Avaliar um vinho pelo que é ou pelo que deverá um dia ser? Pelo que é, e são magníficos. Pelo que deverão ser... o futuro é uma incógnita, mas, se não se evaporarem as garrafas todas e ninguém as poder beber, não há dúvida que serão grandes vinhos. E grande vinho quer dizer mesmo isso, algo de exclusivo. Não cumprir a promessa, nestes casos, não quer dizer que não se é exclusivo, quer dizer que não será eterno. Bem, mas isso é coisa para conversarmos daqui por uns anos.
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O Ferreira é o mais especiado, com notas claras a pimenta branca e alguma noz moscada (o produtor tira-lhe a noz moscada e bota-lhe o caril – não achei). Muito guloso no nariz, a prometer doçura na boca. Porém, como será de esperar nos grandes vinhos, não vigora o óbvio e está longe de ser um xarope. Na boca tem garra, com taninos que agarram sem aleijar.
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O Offley, embora com a mesma nota que o Sandeman, foi o que preferi dos três (a mesma nota, com milésimas diferentes... estão a perceber, certo?). É um vinho de seda, duma elegância!... Uma morena, esbelta e sensual, vestida de negro e com uma echarpe esvoaçante de seda azul escuro. Uau! Apaixonei-me! Esqueçam lá essa coisa dos descritores, que são coisa que não me apetece agora.
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O Sandeman... o homem da capa preta... já perceberam onde quero chegar? O Offley é uma elegante aristocrata cheia de temperamento, jovem e com personalidade vincada... este é um mancebo, que monta a cavalo e está bronzeado pelo Sol. Fibra, músculo... nervos acalmados, porque é um gentleman. Mas com espírito e rapidez de olhar. Aguentem-no, porque se rebenta... dêem-lhe tempo e será um príncipe.
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De algum modo, pela minha última frase, este será o mais «vintage» dos três, o mais britânico. Que precisa que o tempo lhe dê sabedoria. Será melhor? Gostei muito do Offley, mas entendo quem prefira o Sandeman. Nem discuto.
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Porto Ferreira Vintage 2011
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Origem: Vinho do Porto
Produtor: Casa Ferreirinha / Sogrape
Nota: 8,5/10
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Porto Offley Vintage 2011
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Origem: Vinho do Porto
Produtor: Offley / Sogrape
Nota: 9/10
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Porto Sandeman Vintage 2011
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Origem: Vinho do Porto
Produtor: Sandeman / Sogrape
Nota: 9/10

terça-feira, junho 11, 2013

Concurso do Douro Superior marcado pela elevada qualidade dos concorrentes

Quinta da Sequeira Grande Reserva branco 2011, Quinta do Vale Meão tinto 2010 e Quinta de Ervamoira Porto Vintage 2009 foram os grandes vencedores da segunda edição do Concurso de Vinhos do Douro Superior. A prova decorreu em Vila Nova de Foz Côa, integrada no segundo Festival do Vinho do Douro Superior, certame que se celebrou durante três dias.
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Face à edição passada, este ano houve uma participação maior de produtores. De um total de 160 vinhos a concurso – a maior parte tintos (105), mas também brancos (39) e vinhos do Porto (16) –, um júri alargado escolheu os três «Melhores Vinhos». «A tarefa não foi fácil porque a qualidade média dos vinhos era muito alta», lê-se no comunicado da organização.
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«Arriscamo-nos a dizer que este é o concurso português em que o nível de qualidade dos vinhos é mais elevado. Um facto curioso é a participação de grandes casas produtoras e marcas desta região, verdadeiros ícones, que normalmente não entram em concursos», afirma Luís Ramos Lopes, director da Revista de Vinho e director técnico do concurso.
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«Praticamente todas as marcas enviaram os seus topos de gama e designações de Reserva, Grande Reserva ou Grande Escolha era comuns. Não estranha por isso a vasta atribuição de medalhas. No total foram atribuídas 17 medalhas de ouro, 18 medalhas de prata e 30 medalhas de bronze. Ainda assim foram vários os vinhos que, tendo pontuação para atingir uma medalha, ficaram de fora dos prémios por questões de quota de medalhas face ao total de vinhos».
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Nota 1: Fui jurado neste concurso e atesto que a qualidade dos vinhos provados era mesmo muito elevada. A título de exemplo, refiro que na minha mesa talvez só três vinhos não tenham tido pontuação suficiente para medalha. É caso para se dizer que o Douro Superior está de parabéns.
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Nota 2: Gostaria de aqui colocar a lista completa dos medalhados, mas trabalhar com Exel e com o editor do blogspot não é para nabos como eu...

Marquês de Borba Branco 2012

Este é um vinho escorreito, que escorrega bem, sem sobressaltos. Não é propriamente a meu gosto, mas vai-se bem com ele.
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Este vinho fez-se com uvas das castas arinto, antão vaz e viognier. Graças a Deus, a antão vaz não domina. Está lá, a chatear, mas as outras dão-lhe a frescura e elegância.
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É um vinho com frescura mineral, leves notas vegetais e cítricas. Segue assim no nariz e na boca.
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Origem: Alentejo
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

segunda-feira, junho 10, 2013

Vinha da Defesa Rosé 2012

Ora este sempre é mais prazenteiro que o branco. Pelo menos não tem a chatíssima casta antão vaz a fustigar-me os sentidos. Sempre é menos básico nos aromas e mais solto na boca.
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No nariz há uma certa pica, porque as nuances vegetais não são óbvias e há além... erva doce? Não! Relva? Não! Salsa? Não! Gengibre? Não! Fino morango, mais óbvia groselha... notórias gomas das antigas, daquelas que me lembro da infância, aparentemente mais densas e muito doces.
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Na boca é menos interessante, mas mesmo assim fresquíssimo.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Esporão
Nota: 5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

domingo, junho 09, 2013

Vinha da Defesa Branco 2012

Ora cá está um vinho que tenho de premiar pela sua qualidade e penalizar pelo seu interesse. Que é bem feito, ninguém pode duvidar. Que agradará ao consumidor comum, não tenho grandes dúvidas. Se me interessa? Não me interessa grande coisa.
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Bebe-se distraidamente ou quase, pois a antão vaz assalta-me a paciência. Sinceramente, o caroço de pêssego não me estimula, a linearidade olfactiva não me rejubila.
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O que posso dizer para ser correcto? É bem feito.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Esporão
Nota: 3,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.

Lembranças

























Se fosse muito rico... beberia sempre vinhos maus, sofríveis e razoáveis, para que nunca me esquecesse do que é um grande vinho.
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Nota: Pintura de Abraham van Stry, o velho.

segunda-feira, junho 03, 2013

Lançado Edição Especial 100º Aniversário da Barros

A casa de Vinho do Porto Barros lançou um tawny muito velho para celebrar o seu centésimo aniversário. De acordo com o produtor, este vinho «resulta de um blend de vinhos muito velhos, numa retrospectiva histórica sobre os grandes néctares desta prestigiada casa», lê-se no comunicado. Este vinho será posteriormente apresentado neste blogue.
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O enólogo Pedro Sá refere que para o Edição Especial 100º Aniversário da Barros foram seleccionados os melhores vinhos de cada década. O blend tem uma idade média de 65 anos. «Estes vinhos envelheceram ao longo de décadas em pequenos cascos de carvalho de 225 litros e evoluíram, nos armazéns da Barros, em Vila Nova de Gaia, onde a influência do oceano Atlântico beneficia a sua qualidade, frescura e elegância», refere a empresa.