A marca Evel, produzido
pela Real Companhia Velha, celebra o seu centésimo aniversário. A empresa «tem
preparadas várias surpresas», refere em comunicado. Entretanto, a revista
norte-americana Wine & Spirits atribuiu, respectivamente, 89 e 90 pontos
aos vinhos Evel Tinto 2010 e Evel Branco 2011.
a garrafeira do infotocopiável. mim ninguém me vinifica!... e a opinião é assumidamente subjectiva.
terça-feira, maio 28, 2013
quarta-feira, maio 15, 2013
Grandes Quintas Tinto Reserva 2010
O Douro é um vale de virtudes. Todos já fizemos perguntas
óbvias e com pouco sentido, como: qual é a tua região preferida? Pois, são
todas e nenhuma... ok, mas isso é conversa de circunstância. Para os amigos,
descoso-me sempre. Sabem que o meu coração pende para o Douro, nos tintos.
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Não gosto de tudo, obviamente, mas noto uma predilecção pelo
Douro. Muito por culpa duma casta, que ali nasce como em nenhum lugar. Chamem-lhe
caprichosa, difícil, blá, blá, blá... para mim é a grande casta portuguesa. Só não
é mais aplaudida, porque todos apontamos para o consenso. Sei que vários enólogos e
produtores de renome partilham esta preferência. Às claras elogiam a touriga
nacional, mas na surra preferem a touriga franca.
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Quem habitualmente me lê já sabe que amo a touriga franca. Tudo
isto a propósito dum vinho onde esta casta dá nas vistas. Não é a que domina o
lote, mas é a que mais encanto lhe dá (tem ainda touriga nacional, tinta roriz
e tinta barroca).
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No nariz revela notas de cereja e ginja, até um pouco de
doce de tomate, mas ainda ervas verdes, esteva, um certo fumo de azinho e
terra. Na boca é vigoroso, com fibra, fresco e prometendo boa evolução.
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Origem: Douro
Produtor: Casa de Arrochella
Nota: 7,5/10
terça-feira, maio 14, 2013
Quatro Caminhos Tinto Reserva 2009
O que vou dizer não sei se é justo para este vinho. Todavia,
a ideia é a de elogiar. Não me lembro deste vinho, mas lembro-me de ter gostado
muito.
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Uma amiga, uma ex-namorada, encontrou-me na rua, passados
uns bons anos, e ficou à conversa. Tomámos um café e, longe do que nos juntara
e fizera separar, reparámos que éramos amigos. A dada altura disse-me: «Sabia
que eras divertido, mas não me lembrava». Gostei do elogio, por isso
mimetizo-o.
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Lembro-me do jantar, que não me marcou, recordo-me dos
amigos, os melhores, os de quase sempre. Do vinho? Não tomei notas e repito o
que muitas vezes aqui escrevi: alguém compra um vinho porque tem aromas de
baunilha ou de frutos vermelhos? Talvez um enochato, um nerd. Tenho a vontade
de escrever para os outros, para os que apenas amam e para os que chegam
enganados e apreciam as palavras.
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No entanto, fui ao site do produtor tentar encontrar na
ficha técnica as suas características organolépticas. Não dei com nada que o
definisse... ainda bem, porque sairia qualquer coisa pouco verdadeira... notas
copiadas, por verídicas que sejam, são sempre copiadas.
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Bebi este vinho há uns meses...
não sei se tomei apontamentos no bloco de notas do telemóvel que morreu... a
garrafa, que ainda aqui está, ostenta a nota que lhe dei. A única informação
que consegui recolher foi a minha apreciação em forma de número.
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As notas valem o que valem e
valem por quem as dá. Não sou o Parker, apenas um jornalista que escreve sobre
vinhos, que não é crítico, e que ousa blogar e fazer crítica, provavelmente
egocêntrica e presunçosa. Para mais, a notação é estrambólica, decimal onde o 3
é positivo e o limite, o 10, é aberto ao infinito, como a escala de Richter que
mede os abalos.
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Fico-me por aqui. Aceito reprimendas
de quem achar por bem penalizar a ausência de descritores e prosa mais
concreta. Porém, julgo, que a boa impressão na memória traduz um elogio
bastante.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Casa Agrícola HMR
Nota: 8/10
segunda-feira, maio 13, 2013
Novidades da Ravasqueira
O Alentejo consegue ter vinhos de qualidade e com preço
acessível. Felizmente para Portugal que a qualidade aumentou muito e de forma
consistente. O que é ainda mais verdade quando se tratam de vinhos de preço
mais baixo.
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Os vinhos da Ravasqueira são prova disso. Na verdade, quando
o produtor surgiu os tiros saíram ao lado. Penso que mais por culpa de quem
mandava do que do técnico que os fazia. Como se costuma dizer: albarda-se o
burro à vontade do freguês. Adiante, que hoje a coisa é bem diferente.
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Chegaram-me para prova três propostas para o Verão: Monte da
Ravasqueira Branco 2012, Fonte Serrana Branco 2012 e Monte da Ravasqueira Rosé
2012. A apreciação é positiva! São vinhos com o Verão na alma.
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Não são vinhos para pensar muito. São amores de Verão, para
a danceteria, festas na praia e marisqueira. Vinhos que conjugam com pele
escaldada pelo Sol e boca seca do sal. Perigosamente bebíveis.
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Fonte Serrana Branco 2012 é mesmo para fazer conversa. Sem
complicações, só para quebrar algum gelo inicial ou encontrar ponto de encontro
de interesse. Mostra pêssego e alguma tropicalidade (coisas que não morro de
amores) no nariz, na boca é fresco e descontraído.
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O Monte da Ravasqueira Branco 2012 mostra-se, no olfacto,
com pêssego, pimenta e salsa. Na boca é fresco e com corpo equilibrado. Com
sapateira... miam, miam...
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O Monte da Ravasqueira Rosé 2012 perigosíssimo... não me
deixem sozinho com uma garrafa destas num dia de lazer frente ao mar, ou
abandonado numa festa na areia. Rosas, são sempre rosas e rosas seduziram
sempre e serão sempre sensuais. Aqui está, um vinho todo em rosas, sem qualquer
enjoo. Na boca é mais frutinha vermelha, mas ainda assim, rosas.
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Fonte Serrana Branco 2012
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Produtor: Monte da Ravasqueira / Sociedade
Agrícola Dom Diniz
Nota: 4/10
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O Monte da Ravasqueira Branco 2012
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Monte da Ravasqueira / Sociedade Agrícola Dom
Diniz
Nota: 4,5/10
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Monte da Ravasqueira Rosé 2012
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Monte da Ravasqueira / Sociedade Agrícola Dom
Diniz
Nota: 5,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
domingo, maio 12, 2013
João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco, e suas novidades
A Primavera é fértil em novidades... e não apenas de flores
e passarinhos, reprodução das espécies, abelhas e borboletas, e poemas
inspirados. João Portugal Ramos lançou novidades das regiões do Alentejo, Vinho
Verde e Douro, e mais Porto, sendo nestas duas últimas designações obra de José
Maria Soares Franco, na empresa de ambos, a Duorum Vinhos.
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Contou João Portugal Ramos que um marketeer o tinha, em
temos, feito acreditar que devia tirar o seu nome dos rótulos. Hoje, passados
uns bons anos, este enólogo e empresário diz ter percebido que devia ter sido
exactamente ao contrário. Sendo estes vinhos assumidamente de autor, a
assinatura só pode vir estampada nos rótulos.
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A apreciação geral é absolutamente positiva. Porém, os
vinhos não são todos iguais, pelo que a apreciação tem mesmo de ser divergente.
Já se sabe que este blogue não é uma democracia. Nele manda um déspota que,
apesar de tudo, tenta ser justo.
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Primeiro vinho: João Portugal Ramos Alvarinho 2012... um
vinho verde diferente do perfil comum. Facto que, só por si, não é mau nem bom.
Devo ter um problema... na apresentação todos cantaram laudas a este néctar;
elogios e impressões. Contudo, não me deslumbrou. Mas reconheço ser um
belíssimo vinho.
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Ora do que não gostei: a madeira, e sua estrutura, e a
fruta. É certo que não passou todo por barricas, apenas 20%. No entanto, embora
não rasgando, ela está lá e... não é bem Vinho Verde, nem bem outra coisa. É
ousado, mas não me deslumbrou. Na fruta, a insistente fruta tropical (socorro).
É um vinho elegante de boca e com bom final. Como disse, a minha opinião acerca
deste vinho foi divergente, pelo que serei eu a estar errado (?).
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Para mim, a estrela da noite foi o João Portugal Ramos Estremus
2011. Um vinho sedutor e profundo, com corpo e garra. Denso, companheiro de copo,
mesa e debate. Um vinho que participa na conversa.
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Este vinho fez-se com uvas trincadeira e alicante bouschet,
de vinhas fincadas em terrenos de calcário e muita pedra mármore. A vinha fica
junto à vila de Estremoz, e, por pouco, não se transformou numa pedreira, disse
o enólogo.
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Não é quente e tem calor. No olfacto sobressaem notas de
castanha, amoras e ameixa preta, com vinco de lenha de azinho. Na boca, ocupa
espaço, apresenta-se e domina, com frescura, elegância e profundidade. Nos dois
sentidos mostra mineralidade, a frescura do mármore.
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Os dois tintos DOC Douro homenageiam um passarinho bonito,
que vive do Norte de África até ao Norte da Ibéria. Chama-se chasco-preto, mas
em latim é Oenanthe Leucura. Que nome dar a um vinho? Que tal o dum passarinho?
E que lembre a «loucura» que está no néctar.
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Pois, O. Leucura lembra mesmo «oh loucura». Aqui a doidice
foi ponderada, calculada e desenhada. A loucura é a de fazer dois vinhos duma
só vinha, erguida numa encosta, do rio até ao céu. Um veio de videiras
plantadas na cota 200 e outro na cota 400.
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São diferentes, os manos, nascidos de uvas touriga nacional
e touriga franca, de vinhas velhas. O Cota 200 mostra mais fruta preta e o 400 é
mais floral, nomeadamente violetas. Ambos ricos e complexos, são bem
estruturados na boca e com longos finais.
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Recomendo a compra dos dois. A comparação à mesa promete
agradar a enófilos tarimbados e a amigos menos versados nas coisas do copo.
Valerá a pena e dará conversa.
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Por fim, Duorum Vintage 2011. O ano está a revelar-se
excelente. Inverno chuvoso no Douro e Verão quente... julgo que serão muitas as
casas a declarar vintage. No Nariz tem um ramalhete de violetas e algumas
rosas, uns frescos, leves e subtis iodo e musgo, mais madeiras várias e a «obrigatória»
esteva. Na boca é robusto e fresco, harmonioso e elegante.
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João Portugal Ramos Alvarinho 2012
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Origem: Vinho Verde
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 6/10
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João Portugal Ramos Estremus 2011
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Origem: Vinho Regional Alentejano
Produtor: João Portugal Ramos
Nota: 8/10
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Duorum O. Leucura Cota 200 2008
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Origem: Douro
Produtor: Duorum Vinhos
Nota: 7
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Duorum O. Leucura Cota 400 2008
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Origem: Douro
Produtor: Duorum Vinhos
Nota: 7,5
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Duorum Vintage 2011
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Origem: Vinho do Porto
Produtor: Duorum Vinhos
Nota: 8,5/10
sábado, maio 11, 2013
Duorum Colheita Tinto 2011
A Duorum pode ser uma empresa recente, mas quem a faz anda
há muitos anos nisto. Daí não ser de estranhar a regularidade da qualidade dos
vinhos, o seu perfil fiável, ou seja, acerto. Numa parceria com João Portugal
Ramos, José Maria Soares Franco é quem comanda as operações no Douro. Quer um
quer outro andam nas andanças do vinho há décadas.
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Este Duorum mantém-se fiel ao estilo da casa, é um vinho com
personalidade do Douro, com elegância e frescura. Estas duas características
são importantes de realçar, pois muitas vezes saem do Douro verdadeiros
xaropes, pesados e alcoólicos. Tratando-se dum vinho proveniente duma quinta da
sub-região do Douro Superior, essas virtudes são ainda mais notáveis.
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As castas são a touriga franca (40%), touriga nacional (40%)
e tinta roriz (20%). As proporções são as mesmas da edição de 2010. Porém,
achei a touriga franca aqui mais escondida... se a memória não me falha.
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Origem: Douro
Produtor: Duorum Vinhos
Nota: 6,5/10
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.
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Nota: Este vinho foi enviado para prova pelo produtor.
sexta-feira, maio 10, 2013
Legado 2009
Ufa! O que dizer deste vinho? Numa palavra: fabulástico...
Mas só isto não basta, pelo que: vou tentar ser conciso, já que não parece bem
só escrever aquela palavra de dez letras.
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Legado pretende transmitir o conhecimento e responsabilidade
de Fernando Guedes, o (sempre) patrão da Sogrape à geração seguinte. É um vinho
com assinatura. Não é uma homenagem, é um atestado de responsabilidade,
testemunho do patriarca.
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A Sogrape tem, através da sua empresa Ferreirinha, dois
clássicos: o Reserva Especial e o Barca Velha. Então e este? A empresa de
Avintes quis separar as águas; uma coisa é a Ferreirinha e outra a casa-mãe, a
Sogrape. É um vinho inter-pares do Reserva Especial, na qualidade e no preço.
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É a segunda vez que esta marca sai para o mercado e desta
vez assinala também os 70 anos da maior vinícola portuguesa. As uvas saíram dum
talhão de vinhas velhas, da Quinta de Caedo, localizada na sub-região duriense
do Cima Corgo. As vinhas são centenárias e produzem uns escassos 500 gramas por
cepa.
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O Legado 2009 tem o Douro dentro, mas não um Douro qualquer.
Distancia-se do padrão mais moderno e comum, que muitas vezes se pode tornar
cansativo. Este não poderia estar mais longe.
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No nariz mostra avelã, amêndoa, alguma noz, trufas, figo
maduro, ameixa preta, uma finíssima compota, notas fumadas, notas balsâmicas...
ui! Na boca é um Rolls Royce em movimento de passeio: uma elegância! Bem
estruturado e elegante, mostrando o solo de xisto, com nuances de várias
especiarias.
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A palavra terroir está na moda. Está a banalizar-se. Mas se
é alguma vez bem aplicada, esta é uma delas. Um grande vinho, que mostra bem do
que nasceu, donde nasceu e do que souberam fazer com ele.
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Origem: Douro
Produtor: Sogrape
Nota: 9/10
quinta-feira, maio 09, 2013
Eusébio 2008
Nasci numa geração marcada pelo Eusébio, nome maior do
futebol português. Na verdade, marcada pela ausência de Eusébio, pois saiu do
Sport Lisboa e Benfica em 1975 (tinha eu cinco anos), rumo Rhode Island Oceaneers.
Passou depois outros clubes dos Estados Unidos e um do Canadá. Mas Eusébio
marcou a minha geração, qualquer jogador que brilhasse era sempre comparado com
o Pantera Negra. Como um fantasma, sempre presente.
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Embora regressado a Portugal, na época de 1976/77, ao
simpático Beira-Mar, não mais teve a glória do seu clube do coração e onde
conheceu o seu apogeu. Porém, este clube de Lisboa nunca o esqueceu, dando-lhe
um lugar na estrutura, estatuto VIP e uma estátua à entrada do estádio.
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Nascido em Moçambique, antiga colónia portuguesa, deu nas
vistas e depressa foi cobiçado por dois clubes de Lisboa. Consta a estorieta de
que era para vir para o Sporting Clube de Portugal... ficou no Benfica, ponto
final. Polémica à parte, só tenho pena que não tenha vindo para o meu Belenenses,
onde jogara o fabuloso Matateu, herói da juventude de Eusébio.
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Ora, o que aqui importa é o vinho com o nome do craque
português, um tinto da região do Alentejo, da colheita de 2008. Apresentado no
restaurante do Estádio da Luz, este vinho revelou virtudes que bem homenageiam
esta antiga glória.
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O Eusébio 2008 fez-se com uvas (alicante bouschet, cabernet
sauvignon e trincadeira) provenientes de vinhas cultivadas em terreno xistoso,
que maceraram por dez dias. Fez a fermentação maloláctica em barricas novas de
carvalho francês, carvalho americano e de castanho. Estagiou depois durante 12
meses nessas madeiras. Após esse período, descansou por 36 meses em garrafa.
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É um vinho pujante, com garra! Não tanto pelo embate dos
seus 14,5 graus de álcool, mas pela sua estrutura. Tem raça, para a qual
contribui uma leve adstringência. Na boca revela-se ainda equilibrado, elegante
e com final longo. No nariz mostra-se complexo, com notas de cereja madura,
pimentão e pimenta rosa.
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Este vinho tem uma edição limitada a mil garrafas, com preço
de venda ao público recomendado de 37,50 euros. Visto ser um vinho de homenagem,
abstenho-me de dar nota. Todavia, recomendo-o.
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Origem: Alentejo
Produtor: Adega de Borba
Nota: X
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