Caiu-me na caixa do correio electrónico uma missiva dum novo
produtor de vinhos do Douro a dar a conhecer o seu projecto. Em traços gerais,
José Carlos Pinto pretende chegar directamente ao consumidor, saltando
distribuidores, garrafeiras e outras superfícies comerciais.
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Parece-me arriscada a estratégia, mas há muito que se sabe
que a melhor publicidade (e a pior também) é a de boca-a-ouvido. Se José Carlos
Pinto acertar na chave vencedora bem pode arrecadar as margens que,
tradicionalmente, são comidas por terceiros.
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O problema é como isso se faz. Para já, Vinhos Mor Douro
Valley, sediada na Quinta da Capela, perto da Régua, tem página na internet,
com informação relativa a outros meios de comunicação.
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Troquei uns emails com José Carlos Pinto e encontramo-nos
perto da minha casa. Deixou-me três garrafas; uma de branco, outra de tinto
colheita e outra de tinto reserva. Antes de ir referiu que este seu branco é
diferente do que habitualmente se faz pelo Douro.
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Diria que não me lembro de ter bebido nenhum branco deste
género proveniente do Douro, facto que, só por si, não é bom nem é mau. O
mercado pode gostar da diferenciação, mas pode castigar a ousadia.
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No que respeita ao Douro, sou conservador. As uvas que
compõem o lote são típicas: malvasia fina, rabigato e gouveio. Lá que voltas
lhe deu, não sei (não ligo muito aos descritores técnicos, aborrecem-me muito),
mas o vinho está desalinhado com a região.
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O vinho é bem feito e prazenteiro. Fresco, com mineralidade,
só que... não é Douro. Às cegas diria que me lembra um Alentejano com boa
frescura. É uma originalidade. Quanto a qualidade, voto bem positivo, quanto a
risco não sei o que dizer, quanto a interesse, poucochinho. Resultado, contudo,
bem pontuado.
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Já o colheita tinto me preencheu mais. O produtor inventou
menos e eu, no que respeita ao Douro, gosto de ter certezas... Bebi-o com muito
agrado, acompanhando carne de vaca (não em sangue)... deslizante e sedutor.
Talvez porque José Carlos Pinto tenha tirado de lá a touriga nacional (é que
começa a cansar... e muito). As uvas foram touriga franca, tinta roriz e tinta
barroca.
O Mor (R) – reserva – causou-me um susto... temi uma
desilusão de cair da cadeira abaixo. O primeiro impacto foi muito negativo.
Misturado, com a parecerem zangadas... touriga nacional, tinta roriz e tinta
barroca.
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Fiquei sinceramente triste, porque os dois vinhos anteriores
mereciam um final mais alto. Dei-o como perdido. Tão perdido que nem o rolhei. Porém,
24 horas depois...
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O Mor (R) estava com vontade de correr. Estava cheio de
pujança, de genica e bravura... erro de principiante: precisava de levar uma
forte decantação. A partir daí: uau!
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Mor Colheita Branco 2012
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Origem: Douro
Produtor: Douro Valley
Nota: 5,5/10
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Mor Colheita Tinto 2011
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Origem: Douro
Produtor: Douro Valley
Nota: 6,5/10
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Mor Reserva Tinto 2010
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Origem: Douro
Produtor: Douro Valley
Nota: 7,5/10
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Nota: Estes vinhos foram enviados para prova pelo produtor.
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