sábado, fevereiro 19, 2011

À conversa com vinho

Eu o que quero é «cumbersa»… aliás, «conversaaa», que a coisa é alentejana. A Adega Mayor iniciou um ciclo de tertúlias (não sei por que carga d’água lhe chamou wine talks) acerca do vinho e sua ligação com outros interesses.
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A primeira foi no Teatro Tivoli (que antigamente era cinema), em Lisboa. O tema: a música. Ilustres tertulianos: maestro António Vitorino d’Almeida, cantautor Sérgio Godinho, jazzalista José Duarte, radialista Álvaro Costa e crítico eno-gastronómico Fernando Melo.
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Começou bem, com a passagem de diferentes músicas e tentativa de harmonização com o vinho: uma valsa de Strauss, a raça roqueira de David Bowie, uma swingada de John Coltrane, o calor de Ella Fitzgerald. Votação na sala e… já não me lembro quem ganhou, mas votei derrotado no Strauss.
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Conversa gira, mas com o maestro afónico. Cada um dando a sua achega. José Duarte fez esboçar um sorriso, mostrando um prospecto, do tempo em que estava no exílio e Portugal vivia em ditadura e em guerra, apelando ao boicote às compras do Lancer’s e do Mateus Rosé. Teve graça.
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Cada um com sua achega, construindo. Convém as conversas terem contradições, mas José Duarte esteve sempre numa de deitar abaixo. O homem é insuportável. Uma vez (noutro tempo e local) ouvi-o dizer, modestamente, que só havia cinco pessoas em Portugal que percebiam de jazz: uma ou duas tinham morrido, dois ou três não lhes falava e ele. Percebido e compreendido.
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Pois que para José Duarte música é música, jazz é jazz e, não haja confusões, vinho é outra coisa, dizendo, sem dizer, que é coisa menor, não tem dimensão cultural, blá, blá, blá. O homem esteve ali para destruir. Pérola das pérolas, o vinho é álcool e causa alcoolismo… para o senhor só tem a dimensão de droga social do Ocidente.
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Para além das tiradas imbecis de José Duarte, que algumas vezes faziam os outros convivas mostrar (discretamente) algum espanto, desagrado e até vergonha alheia (juro!), a conversa correu bem. O Sérgio Godinho é um fixe e o maestro também e o Álvaro Costa idem. E o Fernando Melo? Claro que sim também.
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António Vitorino de Almeida chegou-se ao piano numa improvisação longamente aplaudida. Um jovem homem, que não me recordo o nome, apresentou vários beats… o ilustre sábio e mestre da tolerância musical José Duarte, boquiaberto, revelava desagrado. O homem estagnou.
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Ah! E já me esquecia… Paulo Laureano, o enólogo, quis dizer Ella Fitzgerald mas tropeçou uma duas ou três vezes… por nervosismo, por grão na asa… quando chegou a vez de José Duarte falar veio uma reprimenda em voz severa, como dizendo que o enólogo era inculto.
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Para concluir: os convidados eram giros (excepção ao dono do jazz em Portugal); Rita Nabeiro (uma das herdeiras do império Delta) estava nervosa e sorridente, mas sempre simpática; Paulo Laureano simpatissíssimo; Rita Carvalho (enóloga residente) parece ter nascido para falar em público… e como se não bastasse a equipa ser toda simpática, a consultora de comunicação, Sílvia Marçal, também é fixe… e convenceu-me a ir (quase raptando) a uma tertúlia que me deu muito gozo (apesar de José Duarte).

Solista Touriga Nacional 2009

Sai mais um touriga prá mesa do fundo… passa a duas. Mais outra. Já começa a fartar tanta touriga nacional. Mas o que importa é se o vinho é bom e dá prazer. Este cumpre o objectivo.
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No nariz mostra violetas, chá preto, framboesas… na boca é aveludado e revela frescura. Tásse bem!
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Adega Mayor
Nota: 5/10

Solista Antão Vaz 2010

Tenho a mania que embirro com a casta Antão Vaz. A verdade é que andam por aí muitos que me chateiam. A verdade é que há gostos, tendências, modas e modos, técnicas e convicções: não há castas más, haverá é vinhos que se antipatiza, por esta ou aquela razão.

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No novo mundo há aquela coisa de escolher os vinhos pelas castas. Na Europa também andou por aí essa mania, mas penso que já acalmou. Afinal de contas, que mal têm os monovarietais? Bah! Sempre a mesma conversa! Não há pachorra! Há vinho bom e mau! Com castas que preferimos e regiões que mais nos fazem felizes. Ou ao contrário.

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O enólogo deste vinho, o simpático Paulo Laureano, prometeu-me uma aula de Antão Vaz, para me tirar os preconceitos e as manias. Vou sofrer, oh se vou!... que venha, que não tenho medo de ameaças! Que venham os Antão Vaz todos, que chego para eles!

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Mas quem está na adega a dar o litro (literalmente) é a Rita Carvalho, que é também simpática e, pelos vinhos que traz ao mundo, é supé-competente! Aliás, penso que as características pessoais influenciam os vinhos... qualquer dia estou pior que os bio-dinâmicos. O facto é que o enólogo e a enóloga são simpáticos.

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Bem, este Antão Vaz tem uma «ganda» pinta. Curti larguete. Bués. A chegada olfactiva foi fantástica: vegetal? Está bem! Isso é banalidade! Hortelã! Mesmo a pedi-las. Limão, ui! Uma delícia. Depois apresenta espargos, e o que gosto de espargos. Já me estou a ver numa esplanada a petiscar um marisco (que isso eu como – um dia explico) ou umas carnes brancas ou somente a bebericar. Na boca desafia, é seco, sem austeridade, mostrando maçã assada sem adição de açúcar. . .

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Origem: Regional Alentejano

Produtor: Adega Mayor

Nota: 6,5/10

Cinco Montes Tinto 2009

O Alentejo continua a dar cartas no segmento dos vinhos de preços muito acessíveis. Tem tudo para que seja possível e, felizmente, há cada vez mais gente apostada em servir o consumidor com atenção às limitações do bolsos.
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A empresa Monte do Álamo apresentou a sua nova marca, a Cinco Montes, o segundo, a contar de baixo, da sua gama. O preço previsto para a prateleira não chega aos 5 euros.
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No nariz revela fruta vermelha madura, um leve fumado e um toque de baunilha. Na boca mostra suavidade. Bom para desfruta descomplexadamente.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Monte do Álamo
Nota: 5/10

sábado, fevereiro 05, 2011

Um sonho cor de mel

Normalmente, as pessoas tendem a indicar um determinado tom, e só um, ao mel. Basta ver o resultado de diferentes flores e de idades diversas para perceber que assim não é. Ponto e vírgula. Os tawnies têm cor de mel, e foram tawnies que provei na companhia duma catrefada de bloguers, no Porto, a 29 de Janeiro, num evento organizado pelo (grande – provou sê-lo) Rui Lourenço Pereira… que se encontra aqui «Quinta Wine Guide» e aqui «Art Meet Bacchus».
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A viagem obrigou a levantamento madrugador, com ponto de encontro às 7h00 na Gare do Oriente. O mais curioso é que ninguém mostrou estar ensonado… na viagem, um camarada dormiu, mas foi o único que faltou à tagarelice dos de mais. À volta, todos quentinhos, foi um farrobodó… com queijo, enchidos e pão. Só faltou vinho, uma senhora com ar enjoado veio caladinha no banco da frente. Do Norte foi mais uma mão cheia de escrevinhadores.
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No programa estiveram Vinhos do Porto Tawnies da Sogevinus (Barros, Burmester, Calém e Kopke) e da Andresen. Todos de categoria mundial. No regresso lá se trocaram umas ideias e a conversa continuou nos fóruns do Face Book. A coisa marcou.
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A experiência começou com uma visita às caves da Calém. Antes de entrar na sala onde se desenrolou a prova, os convivas puderam apreciar o famoso quadro que ilustra o conhecido Porto Velhotes (Old Friends, no mercado internacional)… que pintura tão mazinha… sai beneficiada nas reproduções.
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Ponto de ordem à mesa: os vinhos! Do mais recente para o mais idoso: Kopke White 40 Years Old, Calém Colheita 1961, Burmester Colheita 1960, Barros Colheita 1950, Burmester Colheita 1940, Kopke Colheita 1937, Barros Colheita White 1935, Burmester Colheita 1900… estes da Sogevinus, da Andresen já lá se vai.
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O enólogo Pedro Sá deu show… provocou e apresentou uma aula, muito informal e divertida, que fez realçar o muito que os tawnies têm para mostrar e que os bloguers têm para conhecer e aprender… é que não é nada fácil encontrar (e ter como pagar) vinhos de classe mundial.
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Cada um, com sua opinião, foi dando dicas e bitaites sobre o que sentia. Uns aqui e outros ali, uns mais tímidos e outros (como eu) que não se calavam. Quem muito fala pouco acerta, espero que o mestre dos vinhos velhos não me tenha chumbado na prova oral… por várias vezes me ameaçou em deixar ficar sem participar no almoço…
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Noto que todos os vinhos apresentados se mostraram muito complexos e frescos. O problema está (na minha tabela classificativa) na falta de centésimas, ou numeração mais alargada, para fazer justiça aos diferentes néctares: há vinhos com nota 8,5 que me satisfizeram mais do que outros com 8,5… ao subir a nota de uns iria morder nos de notação 9… e aí por diante. Enfim, é o que se pode arranjar. De referir ainda que, regra geral, foi sempre em crescendo com a idade.
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O Kopke White 40 Years Old revelou muita amêndoa, figo seco, um perfume suave de citrinos. Na boca não desiludiu e confirmou a frescura, com citrinos e mel.
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O Calém Colheita 1961 revelou-se bastante complexo no nariz, com algum alcaçuz, mel, tabaco, especiarias e passas. Na boca mostrou-se com notas de madeira e de amêndoa torrada. Bastante fresco, ao que não é estranho um acabamento, em 10% do lote, em barricas de carvalho francês com dois e três anos.
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O Burmester Colheita 1960 também em grande forma. No nariz: caramelo, aromas minerais, tâmaras em passa, laranja cristalizada. Na boca: amêndoa torrada, mel… muito elegante.
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O Barros Colheita 1950 mostrou, no nariz, caramelizados, fumo, mel, tons minerais, flores secas e flores marcantes e intrusivas… na boca, muito untuoso, mais seco do que os anteriores, com muita, muita, elegância. Nas flores mais jovens lembrou-me um ponto específico de Óbidos… pronto, gargalhada geral na sala. Paciência, isto é mesmo assim… que vão a Óbidos de nariz em riste.
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O Burmester Colheita 1960 também trouxe muita felicidade com, no nariz, notas minerais, flores, com excelente integração com a madeira, algum verniz, vinagrinho e caramelo um pouco passado do ponto, quando adequire umas nuances amargas. Na boca é gulosíssimo…
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Kopke Colheita 1937… eu ainda não estava cansado, mas com muita vontade de deixar de o provar e cuspir para passar a provar e engolir… o que não fiz, em nome da seriedade da prova… mas lá que apetecia, apetecia. Bem, nariz: mais austero do que anteriores, com figo seco, mel, tons verdáceos… boca, muito equilibrado (como se os outros não o fossem) e excelente acidez.
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Barros Colheita White 1935 proporcionou outra grande festa… festa no nariz: anis, rebuçaçado, flores (seja lá o que isso seja, visto haver tantas), delicado… festa na boca, algum amargor, mas que completava a doçura (há vinhos assim, complexos – doce falso ou falso doce, conforme a minha opinião ou a do enólogo… 98% de estar ele certo). Na boca festa de acidez e elegância… final longuíssimo, que orgasmo tão bom!
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Burmester Colheita 1900
Não importa. Diga o que se disser, não importa. É para esquecer as notas de prova. Como disse Pedro Sá, este tem tudo. Que mais se pode querer? Este é um dos tais de orgasmo múltiplo. Nariz (até onde consigo): verniz, mogno encerado (igreja), fruta cristalizada, alcaçuz, fumo, chocolate de leite… um apelo gordo que se farta. Boca, impressionante! Define-se em duas palavras: im e pressionante… amêndoa torrada, bolacha Maria, bolo de alfarroba… e tantas coisas mais, que dificilmente alguém terá nariz e boca para definir com exactidão. Vinho para pensar longamente, conversar em silêncios, horas e horas, e desejar que o álcool não tolde todos os sentidos, para que este fazer amor não termine... enofilia tântrica. Complexíssimo, final de sonho… orgásmico, múltiplo… e pronto para mais. Ah, leão!
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Se no final traguei este último, os vinhos que se seguiram no almoço levaram uma tareia de cinto e de pontapés nas costas. Por mais que corressem, esbracejassem, gritassem, só podiam pedir que lhes acudissem. Três Douro: Curva Branco 2009, Kopke Tinto 2008 e Casa Burmester Reserva Tinto 2008.
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Já «agasalhadinha», a tropa seguiu para a Andresen. Com estilo bem diferente dos apresentados de manhã, os tawnies da Andresen revelaram-se maduros de conceito, consistentes de estilo e mais joviais ou descontraídos… É notável o trabalho do enólogo, que tem conseguido manter um estilo de casa, apesar das diferentes idades e de não os ter feito a todos. É obra!
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O «agasalho» da alvorada e do almoço prejudicou-os, tenho a certeza… até porque a atenção, já decilitrada, não foi a mesma e a sala de provas foi pequena para tanta gente, que provou em modo bufete. Muita simpatia de Álvaro van Zeller e Carlos Flores, gargalhadas, desfrute… bloguers em modo festivo. Tentarei ser o mais objectivo possível, mas creio que não conseguirei.
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O Andresen Colheita 1997 mostrou no nariz caramelo, ameixa preta em passa. Na boca confirmou e revelou boa acidez.
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O Andresen Colheita 1995 assumiu-se mais fresco e complexo do que o anterior. O nariz apontou para notas herbáceas, tabaco, especiarias, um suave vinagrinho. A boca com boa acidez, revelação de aguardente velha e notas de caramelo.
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O Andresen Colheita 1992 distinto, com alcaçuz, alfarroba, ameixa preta em passa. Na boca notas de rebuçado, belíssima acidez.
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O Andresen Colheita 1991 está mais melaço, suave nota de alcaçuz. A boca confirmou o nariz.
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Os tawnies com indicação de idade mostraram-se muito consistentes no estilo, embora não fossem «o mesmo» com diferentes anos. O 10 anos com nariz a evocar sultanas e boca com passa, algum caramelo e toque de baunilha. O 20 anos mostrou-se um pouco mais fresco no nariz.
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O Andresen Colheita 1982 foi bastante mais complexo do que os anteriores, com amêndoa torrada, melaço... fresco. Na boca doçura sem excesso, bolacha Maria...
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O Andresen Colheita 1980, embora com a mesma nota que o anterior, gostei menos… é a tal coisa das centésimas ou da numeração da escala. Alfarroba, madeira fumada, secura. Na boca muito elegante.
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Andresen Colheita 1975, na mesma linha. Muito fresco, elegantíssimo. Com chocolate preto na boca.
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Andresen Colheita 1968. Para alguns dos presentes, o vinho da tarde e/ou do dia. Para mim, não. Embora lhe reconheça as virtudes e o porquê da preferência. Diferentes bocas e narizes… diferentes sentenças. Este pedia mais, muito mais… queria muita atenção. Muito fresco e rico, complexo (não que os outros não o fossem, mas…), com folhas de tabaco, evocação de chá preto, verniz e especiarias. Na boca… este estava mesmo a pedir que se engolisse. E como só havia mais um pela frente, este foi mesmo para dentro.
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Andresen Colheita 1910… mantem-se a situação. Tem a mesma nota que o anterior, mas merecia mais, mas sem chegar ao 10. Penso que este é mais fácil que o anterior. Nem por isso é pior. Preferi-o. Com a vantagem de ter sido, provavelmente, colhido antes da implantação da República (cruzes, credo. Vade retro). Riquíssimo em aromas, com grande festa olfactiva, com alfarroba, tabaco, chá preto, especiarias… na boca com excelente acidez, muito elegante e final fantástico.
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Posto isto, estou pronto para mais. Quero repetir os Andresen, mas de manhã, sem os efeitos etílicos do almoço. Penso que foram prejudicados… nestas coisas, ou são valorizados em excesso ou rebaixados injustamente. Tenho a sensação que os puni. Se assim foi, peço desculpa às gentes da casa.
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Agora é só esperar que o Rui Lourenço Pereira arranje outra orgia de vinhos velhos… ou novos. O que eu quero é festa!
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Kopke White 40 Years Old
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Kopke/Sogevinus
Nota: 8,5/10
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Calém Colheita 1961
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Calém/Sogevinus
Nota: 9/10
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Burmester Colheita 1960
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Burmester/Sogevinus
Nota: 9/10
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Barros Colheita 1950
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Barros/Sogevinus
Nota: 9/10
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Burmester Colheita 1940
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Burmester/Sogevinus
Nota: 9,5/10
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Kopke Colheita 1937
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Kopke/Sogevinus
Nota: 9/10
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Barros Colheita White 1935
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Barros/Sogevinus
Nota: 9,5
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Burmester Colheita 1900
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Burmester/Sogevinus
Nota: 10/10
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Andresen Colheita 1997
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8/10
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Andresen Colheita 1995
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8/10
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Andresen Colheita 1992
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8,5/10
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Andresen Colheita 1991
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8/10
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Andresen Branco 10 anos
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 7,5/10
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Andresen Branco 20 anos
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 7,5/10
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Andresen Colheita 1982
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8,5/10
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Andresen Colheita 1980
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 8,5/10
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Andresen Colheita 1975
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 9/10
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Andresen Colheita 1968
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 9,5/10
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Andresen Colheita 1910
Origem: Vinho do Porto
Produtor: Andresen
Nota: 9,5/10

Herdade das Servas Touriga Nacional 2006

Quinta-feira, 20 de Janeiro, às 9h00 em frente à garrafeira Coisas do Arco do Vinho. Sim, uma vez por outra não faz mal acordar às 7h30. Que a situação não se repita! Eu que «nunca» chego atrasado, naquele dia ia chegando. Mas não cheguei. Reunidas todas as gentes, ala para o Alentejo, mais concretamente para o termo de Estremoz (bonita vila, não fomos lá).
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Costumo ver alguns dos seus vinhos na mercearia aqui da frente e tenho, de vez em quando, comprado o Vinha das Servas. Por aqui o que há são os mais populares e de combate. Para o preço que apresenta e pela qualidade, o Vinha das Servas é uma boa aposta para um copo à refeição ou um jantar mais despreocupado. Os Herdade das Servas são os topos da gama e o Monte das Servas ocupa a parcela intermédia.
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Desconhecia a dimensão da Herdade das Servas. O Alentejo é como o Texas, é tudo em grande. Este empreendimento produz anualmente um pouco mais de um milhão de garrafas (objectivo 1,5 milhões). É muito vinho. E quando muitos produtores vão para o estrangeiro escoar produção, esta empresa vende a grande maioria para o mercado nacional. Provavelmente, ando distraído, porque não tenho a percepção da marca. Com esta dimensão já devia ter reparado nela para além das prateleiras da loja do senhor Coimbra.
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A razão da visita foi a de apresentar o novo Herdade das Servas Touriga Nacional (2006). Fez-se então, ao almoço, uma vertical, com as colheitas de 2003, 2004, 2005 e 2006. A acompanhar a comida do mestre Augusto Gemelli.
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Não quero entrar pelo caminho das pratadas e harmonizações, só digo que estiveram muito bem. À excepção da sobremesa, que uma coisa não batia nada com a outra, muito por culpa do licoroso.
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O que interessa, o 2006. Apesar do clima quente, achei-o, nos aromas, mais a puxar ao Dão do que ao Douro. Estas coisas são tramadas. Floral com leve violeta e traços da madeira. O nariz prometia mais do que a boca. Na boca achei que lhe faltava algum corpo. Mais um pouco e não seria demasiado.
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Origem: Regional Alentejano
Produtor: Herdade das Servas
Nota: 5,5/10